Conhecer um país pode fazer-se de n formas: comendo, caminhando, aprendendo algum vocabulário... No entanto, no caso da Irlanda, também pode fazer todo sentido ir visitar um museu de barco ou entrar e passar umas horas num pub, caso queira conhecer melhor o país de James Joyce, Maureen O’Hara, The Chieftains, Sinéad O'connor, Oscar Wilde e Bono. Seguem-se seis sugestões de especialistas locais.

1. CAMINHAR É UM BOM Início

Caminhar é uma das melhores formas de conhecer a Irlanda. “Caminho há cerca de 30 anos, mas ainda procuro novos trilhos e todos os passeios parecem ter uma história, diz John G. O’Dwyer, colonista do The Irish Times e autor do livro "50 Best Irish Walks".Um dos seus preferidos é um trilho de dificuldade moderada que conduz até Coumshingaun, um lago escondido nas montanhas de Comeragh, em County Waterford, onde, reza a lenda, o assaltante do século XVIII William Crotty, escondeu o seu tesouro. “É algo especial, provavelmente o maior coum [lago de montanha] glaciar da Europa ocidental”, diz O’Dwyer. “Pode percorrer o trilho em quatro horas e manter-se fora das rotas mais turísticas.”

Para uma opção de dois dias, O’Dwyer sugere St. Finbarr, um trilho de 35 quilómetros ao longo de uma rota espiritual tradicional em County Cork. “Fica fora de mão, atravessa quatro montanhas e três vales e termina com uma incursão magnífica a Gougane Barra [património histórico]”, a sudoeste.

Banqueteie-se com os sabores irlandeses numa roulotte de comida

“Subiu a parada da comida irlandesa do dia-a-dia”, escreve a crítica gastronómica Ali Dunworth. Nos dias que correm, as roulottes, os restaurantes pop-up e as cabanas são sítios divertidos para provar comida de pub com alma, marisco acabado de pescar e tostas a transbordar de queijo artesanal.

Pop-ups como Caitlin Ruth, em Levis’s Corner House, em Ballydehob, County Cork, e Cáis (queijo em irlandês) no pub Dick Mack, em Dingle, County Kerry, são excelentes opções. Mas o Misunderstood Heron, uma cabana com vista para o fiorde de Killary, em Connemara, encima a lista de Dunworth. “Adoro ir comer os mexilhões porque são capturados no fiorde para o qual estamos a olhar. O meu plano seria comer qualquer coisa e depois pegar no carro e ir dar um mergulho à praia de Glassilaun.”

 

 

2. Visite um castelo de caiaque

Desde hotéis de 5 estrelas a torres cambaleantes que se erguem em campos com vacas, nunca se está muito longe de uma fortaleza na Irlanda. Marnie Corscadden, proprietária do hotel Ballyseede Castle, em Tralee, adora o Cloughoughter Castle, em County Cavan. “Aninhado numa ilhota, este castelo de sonho parece saído de um conto de fadas”, diz. “O facto de ser tão isolado e de só ser acessível por barco torna-o ainda mais intrigante e encantador.” Os turistas podem vê-lo a partir da costa e visitá-lo de caiaque com empresas como o Cavan Adventure Centre.

 

3. Tee off nos campos de golfe por explorar em Donegal

Quando se pensa em golfe na Irlanda, vêm-nos à cabeça campos icónicos, incluindo Old Head, em Kinsale, ou Adare Manir, onde a Ryder Cup será novamente disputada em 2027. “Mas a série de campos deslumbrantes de Donegal continua maioritariamente por descobrir pela maioria dos jogadores de golfe de passagem”, escreve o jornalista de viagens Fionn Davenport. Ele sugere iniciar uma partida em Rosapenna ou Dunfanaghy, cujos campos acompanham a curva de Sheephaven Bay, no Wild Atlantic Way. “[Dunfanagy] tem dois dos mais belos buracos da Irlanda: o par-three ninth, um salto de 110 metros sobre uma praia rochosa até um green desafiante com dois socalcos, e o par-five 16th, onde irá precisar da ajuda do vento e de uma bela tacada se quiser ganhar com duas [jogadas].”

4. Faça um brinde nos pubs tradicionais que os autóctones adoram

Quincey Fennelly, director executivo de Wicklow Wolf, uma das novas produtoras irlandesas de cerveja artesanal, diz que o Doheny & Nesbitts é um “excelente bar tradicional irlandês” em Dublin. O clássico vitoriano, com o seu labirinto de salas e cabinas espelhadas, é conhecido como “a Faculdade de Economia Doheny & Nesbitt” devido aos políticos, funcionários públicos e clientes habituais que ali vão conviver e beber um copo.

Em Bray, no County Wicklow, o Harbour Bar oferece “um pouco de tudo, com boa música, excelente comida no Fish Bar e, claro, excelentes cervejas”, acrescenta Fennelly. Remontando à década de 1880, o pub decrépito parece simultaneamente uma casa desgastada pelo tempo e uma reformulação hipster de um clássico irlandês.

5. Aprenda cúpla focal (algumas palavras) de irlandês

A língua irlandesa tem 14 palavras para salmão, 32 para campos e 45 para pedras, proporcionando “formas singulares” de ver a natureza e de “estar no mundo”, diz Manchán Magan, autor de "Thirty-Two Words for Field". Aprender algumas palavras essenciais, como diadhánach (a solidão de uma vaca separada do seu bezerro) ou teine chrios (as faíscas produzidas nas pedras de uma estrada pelos cascos de um cavalo), dão aos visitantes “um vislumbre de uma tradição antiga e conhecimento das glórias misteriosas do mundo natural”.

Se o tempo permitir, pode frequentar um curso para iniciantes em Oideas Gael, em Glencolmcille, County Donegal, ou Oidreacht Chorca Dhubhne, em County Kerry. Em alternativa, o centro cultural Turas Siar, gerido por Pádhraic S. Ó Murchú, em Belmullet, County Mayo, aceita visitas surpresa. “Ele terá imenso gosto em deixá-lo praticar palavras irlandesas que tenha aprendido no Duolingo enquanto o acompanha uma visita guiada aos artefactos que recolheu na área durante a sua longa vida”, diz Magan.

6. Observar papagaios-do-mar em estado selvagem

Os papagaios-do mar vêm do Atlântico e instalam-se em locais como o santuário de aves de Saltee Islands, em County Wexford, e Skellig Michael, em County Kerry, entre Maio e Julho (reserve as viagens de barco com bastante antecedência). “São conhecidos como palhaços do mar”, diz a fotógrafa Valerie O’Sullivan, referindo-se aos coloridos bicos da ave e ao seu temperamento alegre.

É fácil fotografá-los com um telemóvel, mas também pode usar lentes como uma 24-70mm ou 24-105mm e uma 70-200mm. “Isso garante-lhe condições para fazer imensas coisas”, diz O’Sullivan. Fique atento aos papagaios-do-mar que trazem peixe para os ninhos ou a momentos em que as aves virem as cabeças. A imagem que ela mais deseja? Um papagaio-do-mar em pleno voo com o bico cheio de enguias. “É aquela que quero mesmo, mas quando a conseguimos, já não teremos motivos para voltar!”

 

 

^{Artigo publicado originalmente em inglês em nationalgeographic.com.}