“Redobrar os esforços para proteger Veneza e a sua laguna”, é a frase com que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura alertou as autoridades italianas para os perigos que pairam sobre a cidade há anos. Apesar de o governo italiano ter vindo a desenvolver esforços para proteger a cidade de há alguns anos para cá, a UNESCO anunciou que “as medidas adoptadas não são suficientes e devem ser aumentadas”.
O Centro de Património da Unesco identificou o turismo de massas, os projectos de reforma e as alterações climáticas como as três principais ameaças que pairam sobre a cidade italiana, pois danificam as estruturas dos edifícios e as zonas urbanas, degradando a sua identidade cultural e social. Além disso, a UNESCO refere a possibilidade de haver danos irreversíveis nas fundações da cidade e no ecossistema da laguna.
“O desenvolvimento continuado de Veneza, os impactos das alterações climáticas e o turismo de massas poderão causar alterações irreversíveis no valor excepcional e universal do bem”, afirmou o Centro de Património da agência da ONU, advertindo que “a subida do nível do mar e outros fenómenos meteorológicos extremos associados ao aquecimento global ameaçam a integridade do sítio”. A isto acrescenta-se o possível projecto de construção de imóveis de grande altura nos arredores da cidade, com um potencial impacto visual negativo.
UNSPLASH
TURISMO A rodos
Já em 2021 a ONU pedira que Veneza fosse incluída na lista de património em perigo, uma petição que levou o estado italiano a proibir a entrada de grandes cruzeiros no centro histórico da cidade, pois as grandes vagas por eles levantadas erodiam as fundações e ameaçavam o frágil ecossistema da laguna. No entanto, embora esta medida tenha sido um avanço, não é suficiente. Veneza continua a ser uma das cidades mais visitadas do mundo, havendo dias em que até 100.000 turistas ali pernoitam – e o número de excursionistas (viajantes que não pernoitam) é incalculável.
A Um PAsSO DE ENTRAR nA LISTA
Para que Veneza integre a lista, os estados-membros deverão votar a favor numa reunião doComité de Património Mundial prevista para entre 10 e 25 de Setembro, em Riad, na Arábia Saudita. Se tal acontecer, a Organização das Nações Unidas espera que a inclusão da cidade na lista de património em perigo resulte “num maior compromisso e numa maior mobilização dos actores locais, nacionais e internacionais”, assegura a instituição.
Museu dpo Louvre
Durante a Idade Média, uma série de cidades portuárias dos mares Tirreno e Adriático e do Golfo de Génova prosperaram através do comércio marítimo e do poder naval, razão pela qual são conhecidas como repúblicas marítimas ou marinheiras.