A história das aldeias da Lousã apresenta nuances deliciosas e, em muitas delas, o acaso jogou um papel importante. Inóspita, a serra abrigou diversos pequenos povoados que, ao longo dos tempos, foram perdendo a população. Aos poucos, os últimos resistentes baixam a guarda e as aldeias, antigos centros fervilhantes de vida, entram em dormência profunda, como os animais em hibernação. Sobram ruínas e memórias. Como no Talasnal.
Na verdade, o Talasnal nunca ficou totalmente despovoado. Um casal manteve-se sempre aqui e ainda hoje o nome do restaurante local homenageia essa tenacidade. A aldeia, porém, perdera o viço. Como nas fábulas antigas, a natureza avançava sobre as fundações das casas. Algumas paredes derrocaram e os telhados abateram. Quem hoje visitar Talasnal dificilmente acredita nas fotografias do início da década de 1980.
Muito mudou desde então. As casas foram restauradas obedecendo ao traço original, as placas e blocos de xisto voltaram a ser erguidos, as ruas foram calcetadas e a aldeia voltou a ganhar cor e vida. A escola, que apenas tinha dois alunos em meados da década de 1970, abriu de novo portas. Mas não foi só a componente arquitectónica que revitalizou o Talasnal. A aldeia tornou-se também uma das bases para a exploração da serra da Lousã.
Existem inúmeros trilhos entre a vegetação característica da região e onde se podem avistar diversas espécies. As actividades de observação da brama dos veados são comuns no Outono. Os corços e os javalis abundam nas imediações da aldeia e há cada vez mais adeptos de um percurso pedestre que liga as aldeias de xisto e que prevê a duração de seis dias para possibilitar o usufruto de praias fl uviais, da gastronomia e perceber a essência de aldeias serranas forradas de xisto. Como o Talasnal.