São Martinho do Porto

Ao longo de vários séculos, os diversos abrigos de mar que recortam a faixa costeira por quase todo o litoral português foram locais de implantação de núcleos populacionais associados à actividade piscatória. Com o formato de uma concha de vieira, a baía de São Martinho do Porto não fugiu à regra e o próprio cais, datado de 1828, merece um curto périplo para reparar nas tradicionais traineiras de apanha submarina de algas.

Devido à sua localização geográfica, a antiga aldeia piscatória esteve umbilicalmente ligada a Alcobaça, sendo o seu natural porto de mar. O grandioso templo monástico atraiu sempre movimentos populacionais até à região e São Martinho do Porto começou a ser difundido entre a burguesia e a nobreza a partir do final do século XIX. Segredava-se que, não muito distante de Lisboa, havia uma baía banhada por águas cristalinas. Começava então o movimento do turismo balnear e São Martinho do Porto foi um dos primeiros refúgios dos banhistas pioneiros.

A aldeia da faina da pesca converteu-se numa estância balnear de renome, apesar de ser jocosamente referida como o “bidé das marquesas” pelas publicações satíricas que criticavam o modus vivendi da nobreza da época.

Como fiéis testemunhos desses tempos distantes, ainda subsistem na vila belos exemplares de arquitectura civil e arte nova e, na marginal, vestígios de hotéis que trazem à memória os gloriosos verões de outrora.

A baía comunica com o oceano Atlântico por uma abertura de escassos metros, o que proporciona a mansidão das águas e a escassa ondulação. Ainda hoje, a baía é indicada como ideal para famílias, mas atrai também diversas espécies de aves que aqui encontram um abrigo natural. Uma das melhores formas de perceber o contorno de São Martinho do Porto é através do túnel com cerca de 60 metros de comprimento que atravessa o monte de São Martinho: de um lado, esbarram as vagas do Atlântico e, por contraste, a outra extremidade do túnel dá acesso às águas cálidas e mansas da baía. Na região, não deve perder a duna de Salir do Porto, uma duna formada sobre uma escarpa do Jurássico Superior.