Roma, onde a visão dos grandes monumentos emociona o visitante

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FÓRUNS IMPERIAIS. O conjunto inclui o Fórum de César, o de Augusto e o de Trajano. A construção da Via dos Fóruns Imperiais, entre 1924 e 1932, recuperou alguns edifícios originais.

Grande parte do encanto de Roma reside nos seus pequenos becos e nos amplos espaços que configuram as praças.

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Com capacidade para 50 mil espectadores, tem 52 metros de altura (tão alto como um edifício de 17 pisos). Os jogos da sua inauguração no ano 80 duraram cem dias.

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O antigo Estádio de Domiciano constitui, com as suas três fontes escultóricas, uma das maiores obras barrocas de Itália.

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As esplanadas nas ruas romanas são um local ideal para desfrutar sem pressas.

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Este ambicioso conjunto barroco é a fonte mais famosa da cidade. Foi restaurada em várias ocasiões, a última das quais em Novembro de 2015.

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Uma única entrada de luz ilumina o templo de todos os deuses que o imperador Adriano mandou construir no século II. Quando chove, a água é filtrada pelos 22 ralos camuflados no pavimento.

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O nome da praça do Panteão provém da altura em que o templo foi transformado na Igreja de Santa Maria da Rotonda.

Grande parte do encanto de Roma reside nos seus pequenos becos e nos amplos espaços que configuram as praças.

A città eterna é, na realidade, uma sobreposição de três cidades: a Roma antiga, a Roma renascentista e barroca e a Roma moderna.

Para começar este percurso a menos de dez minutos de metro da estação de comboio Termini, saindo na estação do Coliseu, avista-se o Fórum Romano, centro da vida civil e económica de Roma republicana. É toda uma experiência pisar o pavimento da Via Sacra, com dois milénios, que atravessa o Fórum e que unia duas das sete colinas sobre as quais Roma foi construída – a do Palatino e a do Capitólio. No início da sua actual extensão, a sudeste do Fórum, ergue-se o Arco de Tito, que celebra a conquista de Jerusalém pelo exército romano (70 d.C.). A poucos metros, encontra-se um dos edifícios religiosos mais magníficos da cidade antiga: o templo de Vénus e Roma, construído sobre as ruínas da Domus Aurea de Nero e destruído depois por um incêndio.

A Basílica de Constantino

A Basílica de Constantino foi concluída no ano 313 sob comando de Constantino. A sua perfeição inspirou Barmante, um dos grandes arquitectos do Alto Renascimento, quando este planificou a futura Basílica de São Pedro no Vaticano.

Depois da visita ao Fórum, aconselha-se seguir o caminho pela Via dei Fori Imperiali, e passar perto do Mercado de Trajano, uma esplanada onde se podem apreciar as ruínas daquele que foi o fórum do imperador Trajano (do século II), construído sobre uma encosta do monte Quirinal.

O Mercado dista poucos passos da Piazza Venecia, onde se pode contemplar em toda a sua grandeza o monumento a Vítor Emanuel II – o primeiro rei da Itália unificada – conhecido também como o Altar da Pátria. Rodeando a estátua, encontra-se a magnífica escadaria do século XIV que ascende à Basílica de Santa Maria in Aracoeli, no cume da colina capitolina.

Uns passos mais e encontramo-nos na Piazza del Campidoglio, projectada por Miguel Ângelo, sede da Câmara Municipal de Roma e dos Museus Capitolinos, e uma sublime amostra da Roma renascentista. Ao centro, destaca-se a estátua equestre de Marco Aurélio (uma réplica, já que a original está nos Museus Capitolinos), imperador e filósofo estóico que governou Roma desde o ano 161 até à sua morte, em 180.

As termas de Caracala: Um serviço indispensável na antiguidade
Os banhos que foram mandados construir pelo imperador Caracala são hoje uma das instalações termais mais bem conservadas. Foram um local de lazer muito popular desde a sua inauguração no ano 216, transformando-se num pólo imprescindível, motivo pelo qual se encontram muito próximo do centro de Roma. Incluíam jardins, uma biblioteca e dois ginásios ao ar livre, para além de piscinas e várias salas: o unctorium (sala de massagens), o tepidarium (sala de temperaturas tépidas), o sudatorium (sala de vapor), o caldarium (sala de água quente) e o frigidarium (sala de água fria). Mais tarde, acrescentou-se um banho turco revestido de mármores. O espaço das termas não só satisfazia as necessidades de higiene, como também era um local de encontros e de reuniões, como o comprovam vários edificios complementares.

A memória da Roma clássica ficaria incompleta sem uma visita ao Coliseu. Este anfiteatro inaugurado em 80 d.C. pelo imperador Tito estava destinado aos combates entre gladiadores e a espectáculos como a giostra delle vaccine, uma corrida de touros nas quais os toureiros eram acrobatas, tal como em Creta minóica. Continuou a realizar-se até ao século XX no Circo Real de Trastevere, um bairro popular, animado sobretudo à noite e famoso pela Porta Portese, meca do passeio dominical dos romanos.

A fonte mais famosa

Em Roma, ainda se encontram fontes em muitos locais públicos, todas com água potável. A mundialmente célebre Fontana di Trevi é uma delas. Ali desaguava o aqueduto que trazia a Roma a aqua virgo (água virgem ou pura). O nome Trevi é uma contracção de tre vie, dado que a fonte foi construída na confluência de três ruas.

O passeio prossegue pelo centro histórico em direcção à Piazza Navona, que ocupa o local onde se encontrava o Estádio de Domiciano (século I). As suas três maravilhosas fontes devolvem-nos à Roma renascentista e barroca.

O centro está ocupado pela Fonte de Bernini (1651), que representa os quatro grandes rios do planeta então conhecidos: Nilo, Ganges, Danúbio e rio de Prata. De um lado e de outro, erguem-se a fonte de Neptuno e a do Mouro, ambas esculpidas por Giacomo della Porta no final do século XVI.

Vale a pena caminhar quinze minutos até à Piazza del Popolo. O itinerário pode começar logo no Corso do Renascimento até à Piazza della Rotonda, coroada por uma bela fonte central e localizada mesmo em frente do Panteão, o prodigioso edifício do século II.

Panteão de Agripa: Uma cúpula lendária
O imponente Panteão, na Piazza della Rotonda, foi mandado construir pelo imperador Adriano no século II d.C. sobre as ruínas de um templo antigo, destruído por um incêndio. O novo foi construído em honra de todos os deuses e do imperador Agripa, impulsionador do primeiro santuário. Tem um pórtico formado por 16 colunas e uma planta de forma circular, mas o que realmente fascina é a cúpula, tendo em conta o seu tamanho e os quase dois mil anos que tem resistido sem necessidade de restauro. O sistema de moldes ou pequenos espaços ocos, que compõem círculos concêntricos desde a base até ao óculo da cúpula, permitem que a estrutura se suporte a si mesma. Uma técnica que, 13 séculos mais tarde, inspiraria Brunelleschi na cúpula do Duomo em Florença.

O reverso da Roma antiga e artística é a vitalidade latente nos estabelecimentos comerciais da Via Condotti e da Via del Corso e nos restaurantes do Campo dei Fiori e no distrito de São Lourenço. Seguindo pela Via dela Rotonda em direcção ao Tibre, mais vinte minutos a pé conduzem-nos à Via dei Guibbonari. Podemos degustar ali um delicioso filete de bacalhau acompanhado de um vinho branco frascati, produzido nas colinas romanas, tudo servido sobre simples toalhas de papel. Outros pratos típicos são a pasta alla carbonara, o spaghetti cacio e pepe (queijo pecorino ralado e pimenta preta), la coda alla vaccinara (rabo de boi estufado), as alcachofras e o borrego no forno acompanhado de focaccia, uma pão de origem remota elaborado sem fermento.

Nesta zona da margem oposta ao Vaticano, descobrimos a Praça de Minerva. Deve a sua fama aos diversos monumentos que reúne, mas especialmente ao Pulcino della Minerva, um elefante esculpido por Bernini com um obelisco egípcio às costas.

A praça tem a única grande igreja gótica da cidade, Santa Maria sopra Minerva, um autêntico museu de arte e história, construída no século XIII sobre as fundações de um antigo templo dedicado à deusa da Antiguidade.

Convém retomar o passeio no Campo dei Fiori, uma das praças mais bonitas de Roma, com um pitoresco mercado de especiarias, legumes, fruta e, claro, flores. Os bares e os restaurantes instalam as suas esplanadas sobre a calçada, enquanto as lojas de restauro de móveis antigos deixam as suas portas abertas ao público. À noite, é um dos quarteirões mais animados, com música ao vivo, discotecas e os peculiares ristodiscos, onde é possível comer e dançar.

O Campo dei Fiori tem igualmente um passado obscuro por ter sido um local onde se levavam a cabo execuções. A mais lembrada pelos romanos é a morte na fogueira, em 1600, do filósofo herético Giordano Bruno, cuja estátua ocupa actualmente o centro da praça.

Se nos quisermos assegurar de que um dia voltaremos a Roma, há que seguir a tradição. Devemos voltar à Fontana di Trevi, atirar uma moeda para trás das costas e formular um desejo.

Mapa de roma

Roma antiga, passo a passo:

  • Fóruns Imperiais. É conveniente passear pela Via dos Fóruns e visitar o seu museu, no antigo mercado de Trajano.

  • Coliseu. Inaugurado no ano 80, era o cenário de lutas de gladiadores e de combates com animais selvagens.

  • Piazza Navona. O antigo Estádio de Domiciano do ano 85 d.C. tem agora três fontes escultóricas: a dos Quatro Rios, a do Moro e a de Neptuno.

  • Piazza della Rotonda. O Panteão é o eixo da praça. Passou de um templo pagão para uma igreja mausoléu.

  • Campo dei Fiori. Durante o dia, esta praça é um alegre mercado de especiarias e produtos típicos; à tarde e à noite, transforma-se num animado local de lazer.

  • Santa Maria sopra Minerva. Esta monumental igreja gótica do século XIII alberga esculturas e pinturas de Miguel Ângelo.