Em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, Pitões das Júnias é uma das mais altas aldeias de Portugal, erguendo-se a 1.200 metros de altitude, como ponto de referência da serra do Gerês.
Foi porventura a sua localização que provocou, ao longo de séculos, um certo isolamento que lhe custou a perda progressiva de população mas que, por outra via, reduziu a erosão de arreigadas tradições quase sem paralelo noutras regiões do país. Esta é uma aldeia comunitária onde ainda se realiza o conselho da aldeia e onde o forno do pão, o rebanho, a vezeira e o boi do povo são partilhados pelos aldeãos.
Apesar de o topónimo ser desconhecido, sabe-se que a esta pequena comunidade começou a assentar na região devido à construção de um mosteiro beneditino do século XII, herdeiro de uma antiga ermida do século IX, num vale fértil irrigado pelo ribeiro de Campesino entre o planalto da Mourela e a serra do Gerês. O local não foi escolhido por acaso: os monges requeriam isolamento, um local para meditação, dedicavam-se à pastorícia e, preferencialmente, uma localização longe do mundo mas bem perto de paisagens sublimes. Hoje, o Mosteiro de Santa Maria das Júnias testemunha todo o passado ascético e intemporal que ainda predomina na região e que se funde com a própria história de Pitões das Júnias.
Como em tantas outras regiões, também a aldeia foi sangrada demograficamente. Muitos deixaram para trás a aldeia talhada a granito e partiram em busca de outras paragens mais promissoras, mas muitos, também, regressaram às suas origens, ajudando a perfazer os cerca de 160 habitantes que residem na aldeia. O turismo cultural e de natureza trouxe uma lufada de esperança para Pitões das Júnias.
Uma das muitas cascatas do Barroso fica a curta distância de Pitões das Júnias.
Entre falésias e picos graníticos, frequentemente cobertos de neve nos invernos mais rigorosos, Pitões das Júnias torna-se um engodo irresistível: basta percorrer as ruelas íngremes, visitar o velho mosteiro, cumprimentar um local que assoma no postigo de madeira para ver quem passa, aspirar o ar puro e deliciar a vista e as papilas gustativas com a suculenta gastronomia da região barrosã.
No entanto, Pitões das Júnias não se resume ao mundo granítico e aos penedos que a compõem. Nos arredores, existe um miradouro que proporciona uma vista panorâmica para a aldeia mas, irresistivelmente, o olhar é atraído para a barragem da Paradela, esse grandioso lago azul incrustado no verde esmagador do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Nas imediações, não deve perder uma cascata cuja queda se deve aos desníveis do terreno que se precipitam por vários patamares, o primeiro dos quais a cerca de 30 metros de altura e desagua num lago delimitado por afloramentos graníticos – as chamadas Caldeiras do Pereira. Trata-se de um conjunto de lagoas alimentadas pela ribeira de Pitões, um dos muitos cursos de água que nascem na serra do Gerês e que ajudam a saciar a vista e a refrescar o corpo.