Em 1972, foi inaugurada a primeira vereda construída de propósito para pedestrianismo na ilha da Madeira, com a intenção de levar o ex-presidente da República Américo Tomás do Pico do Areeiro ao Pico Ruivo. Este é o ponto mais alto do arquipélago da ilha da Madeira com 1.862 metros de altitude, sendo a terceira montanha mais alta de Portugal, só superada pela serra da Estrela e pelo Pico.
Existem quatro itinerários para chegar ao Pico Ruivo e o mais fácil é a partir de Santana. Achada do Teixeira (PR1.2) é o trilho mais curto e apresenta-se em boas condições. A Vereda da Ilha (PR1.1) tem início na freguesia pitoresca da Ilha. O percurso mais longo e exigente é a Vereda da Encumeada (PR1.3), que cavalga o maciço central e une os picos da Encumeada até ao cume do Pico Ruivo. Por fim, a Vereda do Areeiro (PR1) é a mais emblemática para alcançar o imponente Pico Ruivo. São sete quilómetros de beleza suprema em que o sobe e desce dos torneados da montanha elevam qualquer ser humano a sentir o âmago do prazer sublime de escalar.
Chegando ao topo da montanha, deparamo-nos com uma paisagem única. É o sítio perfeito para captar o nascer e o pôr do Sol, pois, à medida que se sobe, as nuvens assentam nos nossos pés como o tapete flutuante de uma mente à procura do item da felicidade.
Este percurso tem início junto da Pousada do Areeiro e apresenta um desfiladeiro vertiginoso, onde o céu e a terra fazem um pacto de amizade. O Miradouro da Manta é um bom pretexto para uma escala. É ali que os pedestrianistas, quase sem saber, assimilam por fim o espírito das montanhas.
A subida íngreme do Pico das Torres é feita por uma escadaria escavada na rocha, onde podemos observar as torres de rocha que, ao longo das intempéries, vão sendo esculpidas pelo escultor de barbas brancas chamado tempo.
O Pico Ruivo apresenta dois tipos principais de coberto vegetal: as formações de urze e uma vegetação rala, dominada por plantas de porte herbáceo e subarbustivo com algum interesse botânico. Recobrindo o cume, urzes-brancas evidenciam troncos retorcidos e copas assimétricas, nitidamente desviadas em direcção oposta à dos ventos dominantes. Uma das particularidades mais relevantes desta paisagem é o facto de permanecerem a esta altitude pequenos núcleos de urze com porte arbustivo e arbóreo.
Entre os moradores deste éden, destacam-se o melro-preto, o tentilhão da Madeira, o bisbis e a endémica freira da Madeira, a ave marinha mais ameaçada da Europa, que nidifica neste maciço montanhoso da ilha e faz destas coordenadas o lugar ideal da sua vivência.
A casa de abrigo junto do Pico foi requalificada para servir de apoio aos turistas e caminhantes que por aqui passam, constituindo um saboroso refúgio durante as más condições meteorológicas.
É um local seguro para descansar e usufruir de um chá, um café, a típica poncha madeirense ou um copo de vinho da Madeira.
Após a caminhada, com as baterias recarregadas, o regresso ao nível do mar é reconfortante e o Atlântico cristalino acolhe o viajante como corolário de uma aventura única.