Entre São Torpes e Milfontes, a costa é relativamente baixa. As arribas rochosas não vão além de alguns metros e existem muitas praia extensas – algumas de areia fina e outras de seixo rolado. Da praia das Furnas, a sul de Milfontes, as falésias começam a ganhar altura e as praias são mais pequenas e encaixadas. Só a praia dos Aivados quebra esta regra. Toda esta linha de costa até ao Almograve é pouco frequentada. As praias nunca juntam muitas pessoas. São, portanto, locais tranquilos e repletos de cenários naturais de grande impacte.
A sul da praia do Almograve, existe uma estrada de terra batida até ao pequeno abrigo de pescadores conhecido a Lapa de Pombas. Quer as dunas a nascente da estrada quer a orla costeira a poente são territórios que merecem atenção. Os cenários e a vida selvagem justificam uma escala prolongada. Várias plantas endémicas tiram partido do clima e da geologia.
Da Lapa de Pombas à Zambujeira do Mar, existe um belíssimo trilho pedonal, muito bem sinalizado. Inclui vários quilómetros e é recomendável fazê-lo em duas etapas. As falésias altas são encantadoras e a flora e fauna inconfundíveis. As diferentes geomorfologias são assinaláveis. Mesmo quem não domina a geologia não fica indiferente às cores, formas e dimensões dos fenómenos que vai encontrando pelo caminho.
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Cenário do porto de pesca da Lapa das Pombas junto à praia do Almograve, no Alentejo, Portugal.
A sul da Zambujeira do Mar, o Trilho dos Pescadores prossegue por uma linha de costa ainda mais generosa visualmente. Espaçadamente e no fundo de falésias, pequenas praias, pouco frequentadas, permitem banhos e passeios muito tranquilos junto à água. Em algumas destas praias, existem pequenas cascatas, ou nascentes naturais de água doce, óptimas para mais um revigorante banho e retomar do caminho. Algumas enseadas já possuem certa fama. Aspraias do Carvalhal ou da Amália têm merecido sucessivos destaques de jornais e revistas.
De Odeceixe à Praia da Arrifana, as falésias ganham altura e as praias, embora soberbas, já escasseiam. Há uma enseada com bom acesso e de visita obrigatória pelo menos uma vez na vida: Carreagem. Com a maré vazia, pode caminhar para sul até à praia da Amoreira, num dos melhores passeios à beira-mar nesta região. É, porém, necessário consultar a tabela de marés e verificar o estado do mar para não ter surpresas desagradáveis. Os cerca de dois quilómetros que separam estas duas enseadas são a cura para o stress.
Mais a sul, a praia do Monte Clérigo é outra maravilha natural da costa ocidental. Com a maré vazia, surgem novos espaços e praias para caminhar, descendo a costa até à Arrifana. Daqui para sul, começam a surgir enseadas mais amplas e praias muito frequentadas por surfistas. Sempre escoltadas por falésias altas, sucedem-se a praia do Penedo e a praia de Vale Figueira.
A sul da vasta praia da Bordeira, a orla costeira muda de cores e de cotas. Até à praia do Amado, os xistos e grauvaques dão lugar a calcários, margas e até rochas vulcânicas. As cores são exuberantes: vermelhos, laranjas e amarelos contrastam com as manchas verdes da vegetação e o azul do mar.
Entre as praias do Cavaleiro e Castelejo, no meio de altas falésias, surgem manchas de areia fina. Algumas são acessíveis de automóvel, mas outras têm acesso restrito e difícil de franquear. Algumas manchas de areia são grandes, outras têm apenas algumas dezenas de metros de comprimento. As praias mais notáveis são Murração, Manteiga, Barriga e Cordoama.
Até à vila de Sagres, ainda se encontram algumas enseadas encantadas pelos cenários que as delimitam.
Na costa ocidental, as praias da Ponta Ruiva e do Telheiro; na costa sul, o Beliche, Tonel, Mareta e Martinhal. As praias orientadas a poente podem ser fustigadas pelo mar e vento de forma mais intensa e as praias a oriente do cabo de São Vicente são mais tranquilas. De todas estas referências, a enseada do Beliche será a mais aconchegante. É um paraíso no extremo sudoeste da Península Ibérica banhado por águas transparentes e calmas.