Basta percorrer o núcleo histórico de Guimarães para respirar, como em poucos lugares, uma atmosfera medieval no seu sentido mais puro e para perceber que este sítio tanto pode ser um ícone nacional como um património universal. O mote é dado pela frase “Aqui nasceu Portugal”, bem distinta numa das torres da antiga muralha e impregnada no fervor com que os vimaranenses vivem tudo o que diz respeito à sua cidade.

O Centro Histórico de Guimarães tem de ser absorvido para ser compreendido, muito para lá das conotações históricas. O périplo deve ser feito a pé, a partir do rossio da cidade que é o Largo do Toural, acedendo à Rua da Rainha – foi Dona Maria II quem, em 1853, elevou Guimarães a cidade –, a artéria por excelência dos palácios, mansões e igrejas, com destaque para a renascentista Igreja da Misericórdia. O trajecto deve depois seguir para a Rua Gravador Molarinho – um nome curioso que homenageia o último dos grandes ourives vimaranenses – e, depois sim, deixar-se embrenhar pelas ruas, ruelas e becos de traça medieval onde ainda sobrevivem as pequenas mercearias, barbeiros e lojas de tecidos, até entrar no verdadeiro coração histórico da cidade– os vizinhos Largo da Oliveira e a Praça de Santiago.
Ali, enquanto se pisa o chão empedrado cruzado por lajes de granito a formar quadrados, tudo remete para uma viagem no tempo que recua vários séculos. A inclinação do solo permite uma perspectiva diferente da praça, realçando as habitações plantadas nas suas laterais: os andares inferiores são tradicionalmente de pedra e os superiores de madeira, em todas as tonalidades possíveis.
Acede-se ao Largo da Oliveira passando por baixo do edifício da Domus Municipalis entre as arcadas góticas que sustentam a construção em jeito de alpendre. O largo é dominado pela Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, que impressiona pela nobreza e pela torre anexa. Foi construída sobre as fundações de um primitivo mosteiro do século X, mandado erguer pela condessa Mumadona, restaurado pelo conde Dom Henrique e convertido por Dom Afonso Henriques em Colegiada. O Padrão do Salado é, também um dos ex-líbris da praça.
Guimarães foi distinguida pela UNESCO no dia 13 de Dezembro de 2001 como Património Mundial. Foi a conclusão de uma maratona e de trabalhos de reabilitação que duraram anos. As casas históricas foram recuperadas sem perder a identidade e os monumentos foram restaurados. Preservar foi o lema.
Para sair, recomenda-se a Rua de Santa Maria, de extrema importância histórica: na antiga quinta de Vimaranes, a sua proprietária, a dama galega Mumadona Dias, mandou erguer um mosteiro em meados do século X, à volta do qual se formou um pequeno núcleo populacional. Anos mais tarde, depois dos ataques perpetrados pelos normandos, Mumadona Dias sentiu-se na obrigação de construir um reduto defensivo, de forma a salvaguardar a vida e os bens dos frades e freiras e do resto da população. Surgiu então o esboço do primitivo castelo que tanta importância teria no desenrolar da formação da nacionalidade.
As ruas e varandas marcadamente medievais.
Nesta Rua de Santa Maria, sinuosa, estreita e um pouco esconsa, conservam-se os típicos traços medievais, pois foi a primeira a ser rasgada na velha urbe, como via de comunicação entre o castelo e o mosteiro.
Num ápice, está-se muito perto da colina sagrada e dá-se de chofre com a estátua de Dom Afonso Henriques, obra de Soares dos Reis. Daí para a frente e para cima, estão o Palácio dos Duques de Bragança, a igreja românica de São Miguel, datada do século XII e que, segundo a tradição, foi mandada construir pelo conde Dom Henrique e onde Dom Afonso Henriques foi baptizado e, no topo, o castelo com a sua imponente torre de menagem. Quanta história!
Gabinete do Centro Histórico
Largo Cónego José Maria Gomes, Guimarães
Horário: De 2.ª a 6.ª feira, das 9h30 às 12h30 e das 14h às 18h
Contactos: Tlf.: +351 253 421 221 E-mail: info@guimaraesturismo.com