Às 6h45 do dia 27 de Setembro de 1957, a ponta oeste da ilha do Faial foi palco de um fenómeno que causou grande impacte mundial: a cerca de cem metros do ilhéu dos Capelinhos e a cerca de um quilómetro da costa, o mar começou a entrar em ebulição, como se estivesse a ser aquecido ao lume, propagando para o ar colunas de nuvens cinzentas e esbranquiçadas. À época, os locais, particularmente os habitantes das pequenas povoações do Capelo e do Norte Pequeno, olharam com desconfiança para o estado do mar, não relacionando aquilo que os olhos viam com os abanões constantes que tinham sacudido a ilha nos dias anteriores. O lugar foi invadido por cinzas, escórias, cheiros sulfurosos e roncos que pareciam que vinham debaixo do mar fervente.

Com a força da natureza, um cone vindo das entranhas da Terra emergiu à tona, lançando materiais que depressa cobriram uma vasta área agrícola e casas de habitação. Foi com uma dor imensa (ainda que sem perda de vidas humanas) que a população assistiu ao soterramento dos campos de cultivo e das pastagens, dos quais dependiam. As casas depressa ruíram por acção dos tremores e da cinza acumulada. O temor apoderou-se dos faialenses e as preocupações com o futuro abundaram. Muitos emigraram para os EUA, aproveitando um decreto especial do então senador J.F. Kennedy, que criou um estatuto de excepção para os oriundos da ilha afectada.

O primeiro homem a detectar o fenómeno terá sido um mestre que perscrutava o mar a partir do seu posto de vigia da comunidade baleeira do Comprido, em busca de cetáceos. Espavorido, este avisou o chefe faroleiro que, por sua vez, comunicou às autoridades da Horta, por telefone, o que estava a acontecer na ponta dos Capelinhos. Ao longo do ano e meio seguinte, o vulcão atravessou diversas fases de vida: soterrou os ilhéus dos Capelinhos, ligou-se à costa formando uma península, foi visitado por curiosos, jornalistas e cientistas até ao seu estertor final, em Novembro de 1958.

vulcão dos Capelinhos

Hoje, resta uma imagem erodida do vulcão. Grande parte da cratera colapsou e as vertentes estão a esboroar-se por força da erosão dos ventos e do mar. A vegetação ainda é escassa e o Capelo nunca mais foi igual.

Na transição para o século XXI, o Faial encarou o vulcão dos Capelinhos como um dos seus bens mais preciosos e colocou o Capelo no centro de um projecto de desenvolvimento. Embora as velhas casas de 1957 ainda se encontrem soterradas eo farol tenha sido requalificado, foi construído um Centro Interpretativo do Vulcão dos Capelinhos, um espaço subterrâneo ao lado do histórico farol que promove uma viagem geológica àquela que foi uma das erupções submarinas mais famosas da história – foi no Capelo que se documentaram pela primeira vez as erupções do tipo surtseyano, embora a vulcanologia tenha adoptado o nome da ilha islandesa em detrimento do “capeliniano” que teria feito justiça à freguesia portuguesa.

vulcão dos Capelinhos