A Capela de São Pedro de Balsemão alimentou alguma controvérsia em relação à data da sua edificação. Alguns autores recuaram as suas origens até à época visigótica e outros afirmaram que ela será de uma fase mais tardia, por volta do início da Reconquista Cristã da Península Ibérica. Seja como for, é um templo religioso ímpar no Norte de Portugal.

A abside única rectangular indicia, de facto, uma semelhança com obras da época visigótica, suportada pela descoberta de uma lápide datada de 558. Em contrapartida, a identificação de um silhar que integrava os símbolos dos condes de Portucale pode remeter, naturalmente, para a alvorada da nacionalidade.

Ninguém pode desmentir, porém, que o templo contém uma marca póstuma da presença romana, provavelmente oriunda de uma villa, a avaliar pelas epígrafes descobertas, incluindo aras funerárias reutilizadas para erguer os muros da capela.

capela lamego

Independentemente destas considerações, além da beleza da capela e do seu contexto paisagístico, o templo originário terá sido marcado pelo estilo arquitectónico de clara inspiração moçárabe ibérica, facto que a torna quase ímpar no País.

A capela original foi alvo de intervenções profundas no século XIV por parte do bispo do Porto, Dom Afonso Pires, que a converteu na sua capela funerária e onde, ainda hoje, se encontra o seu sarcófago, a meio da nave central.

Tema de debates calorosos na última década, a Capela de São Pedro de Balsemão é um enigma de pedra, onde as referências originais estão dissimuladas por camadas posteriores. Nos séculos XVII e XVIII, sofreu profundas transformações que se traduziram na sua reedificação e integração no solar seiscentista dos Viscondes de Balsemão, conferindo-lhe a fisionomia actual.

É no seu interior, contudo, que estão guardados relevantes testemunhos das técnicas de construção moçárabe e da sua fundação – qualquer que ela tenha sido.

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