Peña Telera (2.764m) oferece um grande passeio com partida de Panticosa.
A rota pelos vales Tenaerio Aragóne inclui ermidas rupestres e termas centenárias. Jaca é a porta de entrada para este território mágico. Fundada em 1035, a primeira capital de Aragão conserva dessa época o Forte Rapitán e o Castelo de São Pedro, protegido por dez casamatas, uma muralha pentagonal e um fosso onde é habitual avistar cervídeos.
Desse baluarte, avista-se a catedral, um templo construído em 1077, ponto decisivo no Caminho de Santiago que entrava na Península pelo porto de Somport. Ao longo do passeio pelo centro histórico, vêem-se casas modernistas e a Torre do Relógio, construída em 1445 para acolher o campanário e a prisão eclesiástica depois de um incêndio ter destruído a Sé.
Instalado numa dependência catedralícia, o Museu Diocesano de Jaca conta com mais de dois mil metros quadrados dedicados à arte medieval. A sua colecção de capitéis e esculturas de virgens e cristos românicos é muito interessante. No entanto, o maior tesouro é a extraordinária colecção de pinturas murais originais dos estilos românico e gótico, recuperadas de diferentes igrejas rurais da diocese. Esse conjunto de frescos converte o Museu Diocesano num dos três mais importantes de Espanha devido ao seu acervo românico.
As ruas do centro também acolhem “templos” de tapas, especialmente os da Rua Bellido, e pastelarias onde o turista pode deleitar-se com o bolo típico, recheado de natas e coberto de amêndoa moída.
A caminho do Pavilhão de Gelo, um edifício de 2007 tão oval que não tem fachada definida, encontra-se a Igreja Românica de Sarsa, transferida da povoação com o mesmo nome. Os vales em torno de Jaca transbordam de ermidas primorosas, como Santa Maria de Iguácel ou San Adrián de Sasabe, ambas do século XI e pertencentes a dois conventos beneditinos. O ponto românico mais importante da comarca é o Mosteiro de São João da Penha, que se encontra 13 quilómetros a sul de Jaca. Na sua origem, está uma pequena ermida no interior de uma gruta protegida por uma plataforma rochosa.
São João da Penha, com o seu claustro do século XII, confunde-se com a montanha.
Em 950, foi construída uma igreja de dois pisos e depois um claustro, já no século XII. O interior, sombrio e misterioso, é também o Panteão Real onde foram sepultados os reis aragoneses e navarros.
De Villanúa a Canfranc
Da milenária Jaca, parte-se para norte, subindo o vale do rio Aragón. Em Villanúa, deve visitar-se a gruta de Las Guixas, uma câmara cársica com quase um quilómetro, percorrida por um curso de água. Chega a ter 16 metros de altura, e as estalactites pendem do tecto como fantasmagóricas figuras forjadas ao longo dos séculos. A gruta foi habitada no Neolítico e conta-se que, na Idade Média, as bruxas dançavam aqui nas noites de Lua cheia.
Famosa pela estação de comboios, inaugurada em 1928, Canfranc é um destino imperdível. A grandiosa estrutura fazia parte da linha que ligava Huesca e Jaca e que atravessava França pelo túnel de Somport, inaugurado em 1914. Abandonada durante décadas, hoje recupera com visitas guiadas, exposições e, no Verão, com um espectáculo de luzes nocturnas.
A estação de Canfranc esteve em funcionamento entre 1928 e 1970.
Paralelo ao rio Aragón, o vale de Tena possui igualmente os seus encantos. As unidades de águas termais e de repouso são muito apelativas para o turismo de saúde. Los Baños de Panticosa, termas do século XIX cujas águas medicinais brotam do manancial de Tibério a 53ºC, são famosos desde a Antiguidade. É a fonte mais quente de um recinto que conta ainda com mais três a temperaturas inferiores. Los Baños de Panticosa encontram-se a 1.630m de altitude e a oito quilómetros da aldeia de Panticosa, no fundo de um circo glaciar com grandes paredes, junto do lago de origem glaciar ou Ibón de los Baños.
O núcleo rural de Panticosa é constituído por casas de pedra e telhados de lajes de ardósia. Típicos da arquitectura local, são um aviso para a presença de neve no Inverno.
Excursões para todos
Em redor da aldeia, existe mais de uma centena de lagos glaciares, magníficos destinos para excursões de esqui ou com raquetes de neve. Há rotas acessíveis, como a que conduz ao Ibón de Piedrafita ou ao Ibón D’as Paules, no sopé da Peña Telera; de média dificuldade, rumo ao Ibón de Ip ou ao de Anayet; ou, para os mais experientes e acompanhados de guia, as rotas dos contrabandistas através da passagem de Somport, como Midi d’Ossau (2.884m) à distância. A travessia do bosque do Betato, esplêndido no Outono com as cores pujantes das suas faias, é outro percurso popular para fazer com raquetes de neve. A quietude e a placidez da caminhada sobre a neve e as folhas caídas são uma experiência sublime
Ibón de los Baños, no circo glaciar de Baños de Panticosa.
Ao contrário do que sucede com o esqui alpino, estes passeios dão tempo para avistar a fauna ou os seus rastos. Graças ao manto branco que cobre o bosque, a possibilidade de avistar camurças, lebres, raposas ou esquilos é muito maior do que noutras épocas. Terá apenas de respeitar o silêncio e integrar-se na paisagem, como minúsculo convidado neste impressionante anfiteatro de picos montanhosos.