Após a recuperação frenética do turismo no Verão passado, muitos gestores turísticos debatem como poderão aproveitar o ímpeto da exploração sem ceder à pressão das grandes multidões. Até finais de 2023 espera-se o regresso do turismo aos níveis pré-pandémicos, o que se pode traduzir em maior prosperidade e estabilidade para locais que dependem do número de visitantes. Porém, a recuperação duradoura dependerá do aproveitamento das receitas do turismo em modelos de conservação que suportem comunidades, ecossistemas e infra-estruturas ambientalmente responsáveis. É mais provável isso suceder quando os viajantes escolhem com critério quando, onde e como ir. Para os ajudar, os editores da National Geographic escolheram 25 destinos inspiradores para o próximo ano. Enquadrados em cinco categorias (aventura, cultura, natureza, família e comunidade), são lugares maravilhosos que procuram alavancar o potencial turístico, beneficiar os habitantes locais, preservar ambientes naturais e manter espaços culturais. Apresentamos-lhe quatro pontos de partida para criar o seu próprio itinerário.
Comunidade: Ilhas do Dodecaneso, Grécia
Estas ilhas gregas enfrentaram sucessivos conquistadores que, ao longo dos séculos, deixaram as suas marcas em tudo — desde a arquitectura à comida. Os invasores da actualidade não vêm à procura de fortuna, mas sim de fotografias nas ilhas mais conhecidas do Dodecaneso, como Cos ou Patmos. Áreas menos visitadas do arquipélago, como Cárpatos, esperam atingir um ponto de equilíbrio entre a necessidade económica e as tensões ambientais. As igrejas caiadas de branco de Cárpatos (na foto, uma capela do monte Profitis Ilias) e as tradições antigas são atracções turísticas, mas a ilha tem pouca água potável e limitada capacidade de reciclagem.
Natureza: Tuli Block, Botswana
Fotografia de Aaron Huey.
Os extensos parques nacionais e reservas de caça do Botswana continuam a enfrentar ameaças como a caça furtiva. Novos esforços de prevenção, voluntariado e acções de sensibilização com base nas comunidades podem ajudar a aliviar parte dessa pressão. Em Tuli Block, um deserto na fronteira leste do país onde vivem leopardos, hienas-pardas e malhadas e uma grande população de elefantes (em baixo), os vigilantes da natureza estão a instalar tecnologia de ponta nos 700 quilómetros quadrados da Reserva de Caça de Central Tuli. A organização holandesa Smart Parks desenvolveu sensores de baixa potência que transmitem dados de rádio para uma estação central, alertando para a presença de caçadores furtivos e dos seus veículos. O sistema permite também monitorizar o movimento dos próprios animais.
O Botswana tenta responder a uma nova geração de visitantes. “Desde a COVID, os nossos viajantes estão mais interessados em ligações humanas de maior significado”, explica Koketso “Koki” Mookodi, exploradora da National Geographic. Mookodi, directora do Wild Bird Trust no Botswana, está a implementar um programa educativo em dez aldeias remotas do delta do Okavango, no Norte do país. O seu programa Educators Expeditions leva os professores da aldeia em safaris no delta e mostra-lhes a forma de articular o ambiente com a cultura local nas suas aulas. “É uma oportunidade de utilizar a natureza como quadro de aula”, diz.
Cultura: Louang Phabang, Laos
Fotografia de Manan Vatsyayana.
A pandemia encerrou as fronteiras de muitos países dependentes do turismo, como o Laos. Agora, os países do Sudeste Asiático esperam que o comboio-bala chinês, inaugurado em Dezembro de 2021, impulsione as viagens domésticas. O seu percurso de 420 quilómetros no Laos começa na cidade fronteiriça de Boten, passa por mais de 70 túneis e 160 pontes, atravessa Louangphabang (à direita, as celebrações do Ano Novo na antiga cidade de Wat Xiengthong) e termina na capital, Vientiane. Embora se espere que o comboio expanda o turismo doméstico, o preço dos bilhetes e o crescente endividamento do país são fontes de controvérsia.
Aventura: Choquequirao, Peru
Fotografia de Victor Zea.
Um dos locais arqueológicos mais remotos dos Andes peruanos, as ruínas de Choquequirao, está reservado aos poucos que conseguem vencer os seus três mil metros de altitude. “Existem mitos relacionados com Choquequirao”, diz o arqueólogo Gori-Tumi Echevarría. Os seus templos, socalcos e praças não estão ainda completamente escavados, mas existem planos para a construção de uma nova infra-estrutura para encorajar as visitas à cidade-irmã de Machu Picchu. O governo prometeu gastar 260 milhões de euros na construção de um teleférico de cinco quilómetros entre a cidade de Kiuñalla e o sítio arqueológico. O projecto poderá criar mais oportunidades económicas, mas perturbará a serenidade de Choquequirao. Por enquanto, as ruínas continuam a ser um lugar de recolhimento que desperta a imaginação de qualquer viajante.