Trata-se de uma luta na sombra que, em função da época, foi pendendo de um lado para o outro sem nunca findar. No século VIII, por exemplo, o sábio árabe Al-Kindi descobriu uma ferramenta de descodificação, a análise de frequências, que parecia deitar por terra as esperanças dos codificadores. A resposta destes, a cifra polialfabética, demorou séculos a chegar, e quando o fez pareceu por seu lado definitiva... até que uma versão mais sofisticada de cripto-análise, congeminada por um génio inglês na intimidade do seu escritório, deu de novo a vantagem aos espiões. Já na altura, a arma principal empregue por uns e por outros era a matemática, desde a estatística até à aritmética modular, passando pela teoria de números.



































 

 

Esta evolução sofreu um ponto de inflexão com o aparecimento das primeiras máquinas de codificação, a que se seguiram, não muito tempo depois, as dedicadas à operação contrária. Com estas últimas, surgiu o primeiro computador, o Colossus, inventado pelos britânicos para decifrar as mensagens da Enigma, a máquina de codificação alemã. Foi precisamente com a eclosão da computação que os códigos adquiriram o papel de protagonistas na transmissão de informação, indo mais além do que as considerações relativas a segredos ou confidencialidade. A verdadeira linguagem universal da sociedade moderna não emprega letras nem ideogramas, mas sim zeros e uns, e tem, além disso, um código: o código binário.

Qual foi o grupo que mais beneficiou das novas tecnologias, o dos criptógrafos ou o dos criptoanalistas? Ainda é possível existir qualquer segurança nesta era de vírus, piratas informáticos e supercomputadores? A verdade é que sim, e de novo graças à matemática: neste caso, aos números primos e às suas peculiares características. Quanto tempo demorará esta hegemonia temporária do segredo? A resposta a esta pergunta irá levar-nos às fronteiras da ciência moderna, dominadas pela mecânica quântica, cujos paradoxos extraordinários marcarão o final desta apaixonante viagem pela matemática da segurança e do segredo.

A arte de escrever em código é o tema da nova edição especial da National Geographic.