Recrutada pelo Projecto Okavango Wilderness para estudar o sistema hídrico das terras altas que alimentam as zonas húmidas do Okavango, Adjany é a especialista da equipa em peixes de água doce e é a directora-adjunta do projecto.

De que modo o trabalho neste projecto alterou a forma como vê Angola?

Desde a primeira expedição, mudou tudo. Eu e todos os que conheço crescemos numa sociedade sem esperança, recordados constantemente da guerra e culpando-a sempre pela nossa falta de capacidade de planear e actuar a longo prazo. Estamos focados no agora e ainda mais no passado, pois nunca tivemos oportunidade de projectar esperança para o futuro. A nossa cultura, as nossas personalidades e meios de subsistência foram modelados por essa “maldição” e as gerações mais novas que nunca sentiram o golpe directo da guerra civil vivem uma vida moldada pelo seu fantasma.

Este projecto deu-me a capacidade privilegiada de ter ESPERANÇA. Mostrou-me que estamos numa nova era. Provou-me que Angola pode ser grande novamente e que as memórias de infância do meu pai de paz e felicidade podem voltar a ser uma realidade.

Mudou também o que pensa sobre os outros países da região?

Especialmente sobre a Namíbia e o Botswana, países com os quais partilhamos a bacia do Okavango. O relacionamento político com a Namíbia sempre foi bastante bom considerando a parceria de ambos os países durante a guerra. Penso que a bacia do Okavango tem potencial para agregar esforços entre os dois países O Botswana é um caso diferente. Pode ser o “professor” de conservação para Angola.

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