Num mundo cada vez mais consciente da necessidade de preservar o ambiente, o turismo sustentável surge como um desafio vital, especialmente nas zonas costeiras que, durante os meses de Verão, são invadidas por multidões. No entanto, o impacto actual do turismo de massas nestes paraísos aquáticos levanta questões sobre a sustentabilidade a longo prazo.

A PEGADA PROFUNDA DO TURISMO DE MASSAS

A maré constante de turistas nas zonas costeiras deixou uma profunda pegada ambiental. Desde a proliferação de resíduos de plástico nas praias até à pressão sobre os ecossistemas marinhos, a marca do turismo de massas é inegável. A sobre-exploração dos recursos haliêuticos locais e a alteração dos habitats marinhos são consequências directas de uma indústria turística descontrolada, que compromete a saúde dos oceanos e ameaça os meios de subsistência das comunidades locais.

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Com a afirmação contundente de Theresa Zabell, bicampeã olímpica de vela e presidente da Fundação Ecomar, de que "o azul é o protagonista deste mundo em que vivemos", o Sun&Blue Congress abriu as suas portas, apelando à necessidade de transformar o actual modelo de turismo de sol e praia. Defende uma abordagem mais consciente e sustentável, que se assume como o principal motor da economia azul, já exigida tanto pelos turistas como pela urgência climática.

DESAFIOS QUE ESTÃO LONGE DE SER FÁCEIS

O crescimento do turismo azul enfrenta a encruzilhada do desafio do turismo de massas. À medida que mais pessoas procuram experiências costeiras e aquáticas, os destinos de turismo marinho estão a sofrer uma pressão intensificada sobre os seus ecossistemas. Este aumento traz consigo ameaças consideráveis, como a erosão da biodiversidade marinha, a degradação dos habitats costeiros e o congestionamento de zonas sensíveis. Gerir este crescimento de forma sustentável torna-se imperativo para preservar a saúde dos oceanos e garantir experiências responsáveis para as gerações futuras.

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FOTO: SUN&BLUE CONGRESS

Além disso, o turismo azul enfrenta o desafio de equilibrar o desenvolvimento económico com a conservação ambiental. Um planeamento cuidadoso e a implementação de práticas de turismo sustentável, de acordo com Arnau Teixidor, coordenador do programa de resiliência dos ecossistemas e gestão do território da União Internacional para Conservação da Natureza, são essenciais para mitigar os impactos negativos nos ecossistemas marinhos e costeiros, garantindo que o turismo azul contribui positivamente para as comunidades locais e para a preservação a longo prazo dos recursos marinhos.

SOLUÇÕES PARA O IMPACTO DO TURISMO NAS ZONAS COSTEIRAS

Perante o crescente impacto do turismo nas zonas costeiras, é necessário implementar soluções que equilibrem o usufruto humano com a preservação do ambiente, afirmou Esteban Herrera, da área de projectos europeus e redes internacionais do Turismo Andaluz (NR: o congresso decorreu na região de Almeria, Andaluzia). Para tal, é necessário sublinhar a importância da adopção de práticas de turismo sustentável que minimizem o impacto negativo nos ecossistemas costeiros. Isto inclui a promoção da educação ambiental, fomentando um maior respeito e consciência da fragilidade destes ambientes. "É necessário educar bem porque este é um trabalho de todos e para todos", afirmou Antonio García, director-geral do Conselho Municipal de Valência Capital Verde Europeia 2024.

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FOTO: SUN&BLUE CONGRESS

A criação de áreas marinhas protegidas e a regulamentação eficaz das actividades turísticas são fundamentais para salvaguardar a biodiversidade e os habitats costeiros, afirma José Javier Ruiz, presidente da Câmara Municipal de Rota, também na Andaluzia. A colaboração entre os governos, as comunidades locais e a indústria do turismo é essencial para estabelecer políticas e práticas que promovam a sustentabilidade.

Por sua vez, a tecnologia também desempenha um papel crucial na abordagem dos desafios ambientais decorrentes do turismo nas zonas costeiras. Pedro Barrionuevo, director de turismo e desenvolvimento empresarial do Turismo Costa del Sol, afirmou: "A implementação de ferramentas tecnológicas inovadoras, como sistemas de monitorização por satélite e drones, pode proporcionar uma visão abrangente das zonas costeiras, permitindo uma gestão mais eficaz e a identificação precoce de potenciais ameaças ambientais.

O futuro dos destinos azuis depende das decisões tomadas hoje. Eventos como o Sun&Blue Congress, que reúne especialistas, governos e líderes da indústria, apresentam-se como catalisadores para a implementação de soluções inovadoras e tecnológicas que impulsionam a sustentabilidade no turismo costeiro, garantindo a prosperidade das comunidades locais e a preservação dos valiosos recursos marinhos. Por este motivo, o evento confirmou na cerimónia de encerramento a sua segunda edição e Almeria voltará a ser o epicentro do debate sobre turismo, sustentabilidade e economia azul no final de 2024.