Fotogaleria: Libertar tubarões ao largo da Indonésia

Há aquários em todo o mundo com programas de reprodução em cativeiro de espécies de tubarão, libertando-os depois no mar. É uma missão inédita. E poderá resultar, segundo a ReShark, um consórcio internacional apostado em devolver às águas a vida selvagem.

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DAVID DOUBILET E JENNIFER HAYES

Uma em cada onze espécies de fauna e flora marinhas avaliadas pela União Mundial para a Conservação da Natureza está em perigo de extinção. Isso inclui dugongos, abalones, corais, cabozes, cantarilhos, atuns e baleias. No entanto, poucas criaturas sofrem tanto como os tubarões e as raias.

Apesar de terem sobrevivido a quatro extinções em massa ao longo de 420 milhões de anos, actualmente, entre os animais vertebrados, só os anfíbios estão a desaparecer mais depressa. Cerca de 37% das espécies de tubarões e raias enfrentam risco de extinção, segundo um estudo conduzido por Nicholas Dulvy, um respeitado especialista da Universidade Simon Fraser, na Colúmbia Britânica.

Nas águas indonésias, a organização ReShark pretende reintroduzir espécies ameaçadas de tubarão e raia nos seus domínios históricos, o que pode ser uma bênção para os ecossistemas marinhos. O seu primeiro projecto é devolver a vida selvagem às águas.

Havia razões para conjecturar que a iniciativa talvez resultasse no arquipélago de Raja Ampat. Os tubarões tinham sido dizimados no local, após anos de excesso de capturas. No final da década de 1990, porém, Raja Ampat criou a primeira das futuras nove áreas marinhas protegidas, com cerca de vinte mil quilómetros quadrados.

Em 2012, a pesca de tubarões e raias foi proibida em todo o arquipélago. Aldeãos e funcionários armados começaram a fazer patrulhas em busca de redes de pesca e barcos ilegais. Por essa altura, algumas populações de tubarões já tinham começado a recuperar, mas não os tubarões-zebra.

 

Tudo começa no berço

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Tudo começa no berçário

Num berçário indonésio de tubarões, um embrião retroiluminado de tubarão-zebra enrola-se no interior de um ovo com uma bolsa protectora, conhecida coloquialmente como carteira de sereia. Quando eclodir, será libertado na natureza para ajudar a revitalizar as populações de tubarões em perigo no arquipélago de Raja Ampat.

Uma área marinha protegida

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Wayag: Uma área marinha protegida

O arquipélago das Wayag é um labirinto de praias de areia, lagoas e atóis. Os barcos de pesca abundaram em tempos nestas águas distantes e quase eliminaram os tubarões-zebra. Agora, uma área marinha protegida patrulhada por vigilantes serve de refúgio a tubarões, raias, tartarugas e outros animais marinhos.

Apresentamos-lhe Nesha Ichida...

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Apresentamos-lhe Nesha Ichida...

Nesha Ichida, uma cientista marinha indonésia, conduz com delicadeza um juvenil de tubarão-zebra num recinto marinho do Centro de Investigação e Conservação de Raja Ampat, na ilha de Kri. Uma equipa de “amas de tubarão”, ou cuidadoras, medirá e pesará o animal no seu último exame clínico, no dia anterior à sua libertação.

Num dia quente de Janeiro, sobre as formações calcárias das isoladas ilhas de Wayag, a cerca de 140 quilómetros da povoação mais próxima, vi a jovem criatura bambolear-se nas suas mãos. Por norma extrovertida e alegre, Nesha mostrava-se reservada. Passara meses a preparar este tubarão para uma nova vida. Até lhe dera um nome – Charlie. Agora, chegara a altura de lhe dizer adeus. As mãos de Nessa abriram-se e Charlie deslizou para longe, com a sua longa cauda em movimento enquanto mergulhava rumo ao fundo arenoso e a um futuro inimaginável. Naturalmente, não tinha noção da sua importância simbólica.

Tubarão-zebra, uma espécie ameaçada

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Tubarão-zebra, uma espécie ameaçada

O tubarão-zebra é uma espécie ameaçada, mas vários aquários com animais em cativeiro, incluindo o Aquário Shedd, em Chicago, permitem que os adultos acasalem e produzam ovos, enviando-os depois para a Indonésia.

Patrulhamento em curso

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Patrulhamento em curso

Tubarões-de-pontas-negras-do-recife patrulham leitos cobertos por ervas marinhas em águas pouco profundas, junto da ilha de Kri. Agora comuns, estes tubarões eram raramente avistados antes de Raja Ampat criar uma rede de áreas protegidas. Foram capturados tantos tubarões-zebra que os cientistas suspeitavam que talvez já fossem escassos de mais para encontrarem parceiros.

Colhendo búzios

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Colhendo búzios

Uma fêmea de tubarão-zebra num recinto marinho ao largo de Kri come um búzio. Os residentes de Raja Ampat e as amas de tubarões colhem búzios em águas próximas, que são depois pesados e distribuídos pelo recinto, de forma a encorajar um comportamento natural de busca de alimento.

Os corais de Wayag

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Os corais de Wayag

Peixes cardeais e sardinhas-do-mar vibram e rodopiam em redor de uma gorgónia, sob uma saliência de corais em Wayag. Raja Ampat acolhe cerca de 1.600 espécies de peixes e três quartos das espécies mundiais de corais duros. Wayag é uma das suas regiões mais espectaculares.

Adeus, cativeiro. Olá, liberdade.

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Adeus, cativeiro. Olá, liberdade.

Nesha Ichida liberta um tubarão-zebra em Wayag. Este esforço foi liderado pela ReShark, um grupo constituído por 44 aquários de 13 países que espera recompor muitas populações de tubarões em perigo através da reintrodução de animais criados em cativeiro.

Artigo integral na edição de Julho de 2023 da revista National Geographic.