As rãs da espécie Chiromantis xerampelina dão um novo sentido à expressão “sexo em grupo” e isso ajuda-as a prosperar.
As rãs exibem a forma mais radical de poliandria, o acasalamento da fêmea com múltiplos machos, explica Philip Byrne, da Universidade de Wollongong.
Depois de as fortes chuvadas darem origem a charcos na paisagem africana, os machos reúnem-se na vegetação próxima e chamam as fêmeas. Estas, por seu turno, estão no interior dos charcos absorvendo água através da pele. Quando uma fêmea está suficientemente hidratada, dirige-se até um ramo próximo. No trajecto, é agarrada pelo “abraço sexual” de um macho.O casal assim preso dirige-se para um local de acasalamento onde a fêmea liberta um líquido aquoso e, com as patas traseiras, bate-o até o transformar em espuma, depositando aí os ovos. Nesta altura, os machos “alinham-se ordeiramente junto da fêmea e, de forma sincronizada, batem as patas e criam um ninho grande e maravilhoso”, onde depositam o esperma.
O grupo passa horas a libertar gâmetas e a envolvê-los na espuma que protegerá os embriões em crescimento.
O grupo passa horas a libertar gâmetas e a envolvê-los na espuma que protegerá os embriões em crescimento. Cinco dias depois, os girinos eclodem e caem na água.
Praticamente todas as fêmeas de C. xerampelina acasalam com múltiplos machos de forma a produzir uma ninhada e isso confere-lhes vantagens evolutivas.
A pesquisa que Philip Byrne conduziu revela que a taxa de sobrevivência dos girinos das fêmeas que acasalaram com mais do que um macho é 20% superior à das fêmeas que acasalaram com apenas um.
Ao contrário de espécies em que o macho compete brutalmente para acasalar, as “orgias” destas rãs são calmas. “As fêmeas permitem que vários machos contribuam para a ninhada, transformando o acto num momento descontraído.”
CHIROMANTIS XERAMPELINA
Habitat/distribuição
Florestas, terrenos agrícolas e savanas de regiões do Sudeste de África.
Estatuto de conservação
Abundante
Outros factos
A poliandria permite gerar crias geneticamente mais diversificadas. Isso poderá ajudar a proteger a C. xerampelina das ameaças que afectam cerca de um terço de todas as espécies de anfíbios.