Gondomar é o único concelho atravessado pelo Douro que tem território nas duas margens do rio que nasce nos Picos de Urbión. Tudo graças à freguesia da Lomba, “enclave” gondomarense no concelho de Santa Maria da Feira, na margem esquerda do rio. Nestes “estranhos meandros de Melres” (ditou-o o escritor Sant’Anna Dionísio e a ele já chegaremos), numa curva abrupta para sul, encontra-se uma das praias fluviais durienses mais procuradas, coroando a península estreita e alongada.

A praia da Lomba, identificada pela Quercus como uma das 381 praias com Qualidade Ouro em Portugal em 2020, estende-se num extenso areal a partir de uma mata de pinheiros-bravos e, no Verão, é um ponto de atracção sobretudo para quem vem de Gondomar, usando o coroamento da barragem de Crestuma/Lever e muito em especial para feirenses e gaienses.

Em dias de nortadas atlânticas, e muitos elas são, é um refúgio de excelência, tanto mais que a temperatura da água do rio também supera sempre em largos graus a do mar a cerca de 30 quilómetros de distância. A praia fluvial é também um dos pontos obrigatórios no percurso cada vez mais procurado da Estrada Nacional 222, nos seus 226 quilómetros de ligação entre Vila Nova de Gaia e Almendra, sempre pela margem esquerda do Douro.

Partindo do centro da cidade de Gaia, onde a nacional ganha o nome de Avenida Vasco da Gama, a navegação até à praia da Lomba não demora mais de 40 minutos em passeio de automóvel, passando sob as auto-estradas A41 e A32 da circunvalação viária mais alargada do Grande Porto. No caminho, a última das barragens do Douro, a de Crestuma/Lever, justifica um pequeno desvio para quem não tiver pressa.

Praia da Lomba

A praia da Lomba, situada um pouco a montante, com a barragem do Carrapatelo mais rio adentro, não viu, por isso, a fisionomia do Douro e das suas margens mudar muito, pois a diferença de cota da última barragem duriense é no máximo de 13 metros, em contraste, por exemplo, com os 96 metros do Alqueva.

A Lomba, a antiga Lavercos, integra o concelho de Gondomar desde 1868 mas entretanto o concelho perdeu Avintes (também na margem esquerda do Douro, hoje em Vila Nova de Gaia) e Campanhã (que passou para o Porto). O rio Inha é um dos muitos pequenos rios que desagua a jusante da praia da Lomba, com a sua foz generosamente alagada pelas águas do Douro.

Por aqui morriam antes da barragem as marés atlânticas e aqui começam para montante “os fraguedos cortados quase a prumo sobre a água” do vale do Douro, assim pintado por Sant’Anna Dionísio no Guia de Portugal dedicado ao Entre Douro e Minho, onde, na Lomba, viu o Douro a correr para norte e sul a partir de um alto do Samouco “só conhecido pelos caçadores de coelhos”. Também observou “o singularíssimo e aparente quid pro quo de um rio que não é para brincadeiras”, mas que as barragens amansaram entretanto.