“Queres um trabalho? Preciso de uma fotografia de formigas-de-fogo a agruparem-se para formar uma jangada sobre uma poça de água.” Em 2011, Susan Welchman, uma formidável e exigente editora fotográfica, ofereceu desta forma uma missão a Anand Varma, que até então tinha sido apenas assistente de fotógrafos veteranos da National Geographic. Com os ensinamentos destes, Varma sentia-se pronto para cumprir a tarefa. E aceitou o desafio de Susan.
Quando um formigueiro desta espécie é inundado, as formigas engancham as patas no corpo das outras para criarem uma massa flutuante, evezando-se acima e abaixo da inha de água para sobreviverem. Era essa imagem que Susan pretendia.
Num laboratório da Universidade Georgia Tech, Varma colocou formigas num tanque de vidro com alguns centímetros de água, observou as formigas a aglomerarem-se e tirou várias fotografias.
Welchman rejeitou-as iminarmente. “Estraguei tudo”, embra-se Anand de ter pensado. Imaginou esperar outros dez anos “até que todos se esquecessem de quem eu era” antes de a revista o contratar novamente.
Susan aconselhou-o a tentar de novo e a imaginar novas soluções. Varma reflectiu e chegou à conclusão de que as imagens captadas através da ateral do tanque tinham falhado porque a água “forma um pequeno lábio, o menisco, contra o vidro e cria uma faixa fora de foco”, explica agora o fotógrafo.
Um técnico de laboratório mostrou a Varma um revestimento de vidro que impedia a formação desse menisco. Agora, as fotografias de Varma tinham “uma borda muito nítida” na linha de água. Welchman gostou, mas avisou-o de que precisaria de mais formigas no retrato.
Anand colocou mais formigas.
A missão deveria ter durado dois dias, mas o fotógrafo voltou para um terceiro. Foi nessa altura que captou a imagem notável que se vê em cima e que conquistou os elogios da editora: “Isto é o que torna uma fotografia digna da National Geographic”.