Nas décadas de 1960 e 1970, vendiam-se crias de tartaruga em lojas australianas. Durante muitos anos, o especialista em répteis John Cann não conseguiu apurar a espécie ou a origem desta tartaruga, até ver uma no seu habitat, o rio Mary, em Queensland. Essa foi a primeira de muitas descobertas intrigantes sobre a Elusor macrurus, a tartaruga do rio Mary, classificada como ameaçada. É uma das maiores tartarugas de água doce da Austrália, pois chega a pesar oito quilogramas e a carapaça pode ter 43 centímetros de comprimento. Supõe-se que terá divergido há cerca de 4o milhões de anos e é a única espécie deste género. Pode viver até aos 1oo anos e não se reproduz até aos 2o anos. Quando finalmente o faz, o macho usa uma parte da cauda multifuncional que também é utilizada para eliminar desperdícios... e respirar. As estruturas branquiais da cauda permitem que a tartaruga fique submersa dois dias e meio sem vir à superfície.

“A capacidade de respirar pela cloaca atrai muita atenção”, diz a conservadora Marilyn Connell, coordenadora do projecto de conservação de tartarugas do rio Mary. Marilyn está focada em preservar a espécie, cuja população é maioritariamente constituída por adultos, pois os predadores eliminam ovos e crias. Na época de reprodução (Outubro a Dezembro), os membros do projecto percorrem as margens do rio para proteger os ninhos para que a tartaruga “possa continuar a viver, acasalar e prosperar”.