O lago Maracaibo, na Venezuela, já era o lago com maior superfície da América do Sul, mas o céu por cima dele também estabelece recordes: na maioria das noites ao longo do ano: há ali relâmpagos. Esta conclusão é uma investigação recente: provavelmente, nenhum outro local na Terra regista mais relâmpagos por ano.
Fonte: “Where are the lightning hotspots on Earth?” Rachel I. Albrecht e outros, Bulletin of the American Meteorological Society (2016).
O fenómeno está ligado à topografia, explica Rachel Albrecht, professora de meteorologia da Universidade de São Paulo, que analisou dados de satélite de alta resolução para determinar onde se registam relâmpagos com mais frequência. O lago Maracaibo situa-se num vale no extremo setentrional dos Andes e liga-se ao golfo da Venezuela. Os ventos de montanha convergindo com as brisas marinhas quentes e os altos índices de humidade combinam-se, gerando trovoadas nocturnas quase constantes.
Dos 500 “pontos quentes” de relâmpagos revelados por este censo, mais de metade situa-se em África e, entre os 30 maiores, apenas seis não estão localizados perto de cadeias montanhosas. Outras revelações: os relâmpagos oceânicos tendem a ocorrer durante a noite, enquanto os relâmpagos terrestres tendem a surgir durante a tarde.
Persistência e potência Algumas áreas no Sudeste dos Estados Unidos e parte do Norte da Argentina registam relâmpagos frequentes, mas ainda assim em número bastante inferior ao lago Maracaibo. Em contrapartida, muitas tempestades que ocorrem nessas regiões – a maior parte durante a Primavera e início do Verão – são mais severas e potencialmente destrutivas.