AULAS SAÍDAS DO NADA

Kakenya Ntaiya

Kakenya Ntaiya estuda à luz de um candeeiro de petróleo com alunas no Centro de Excelência Kakenya. A educadora criou o internato rural queniano em 2009 com o intuito de melhorar a vida das raparigas elevando o seu nível de escolaridade. As primeiras 26 alunas terminarão o ensino secundário em 2017. Fotografia Philip Scott Andrews.  

A vida de Kakenya Ntaiya foi planeada numa idade ainda precoce, como é habitual com muitas meninas quenianas: um compromisso preestabelecido aos 5 anos, seguido de mutilação genital aos 14, que marcaria o fim da sua educação formal e abria caminho ao casamento. Kakenya, todavia, convenceu a família e a sua aldeia de Enoosaen a deixá-la partir para prosseguir os estudos.
Após terminar o doutoramento em Educação, a jovem decidiu “devolver” o que recebera. Desde Maio de 2009, ano em que inaugurou o Centro de Excelência Kakenya, um internato para meninas do ensino básico em Enoosaen, quase 280 raparigas já o frequentaram. As meninas estudaram e são encorajadas a quebrar o ciclo de práticas culturais que incluem a mutilação genital feminina e o casamento infantil forçado. As primeiras 26 raparigas terminarão o ensino secundário em 2017.
“Todos os anos temos mais de duzentas meninas a querer entrar para a escola e só podemos aceitar 40. Isso é frustrante”, comenta esta exploradora emergente da National Geographic. Kakenya Ntaiya espera conseguir angariar cinco milhões de dólares que permitirão expandir a escola e aumentar o número de inscrições para 600 raparigas até 2021.

 PRESERVAÇÃO DE UMA CAPITAL MILENÁRIA

Talal Akasheh

Fotografia Marc Latzel, Prémios Rolex.

Talal Akasheh, de 69 anos, dedicou metade da sua vida a proteger a cidade jordana de Petra contra a devastação da natureza e da negligência. Numa idade em que muitos dos seus pares já se reformaram, Talal mantém os seus esforços para preservar aquela que em tempos foi uma próspera capital comercial.
Premiado pela Rolex em 2008, Talal, formado em química, cartografou e analisou quase três mil elementos arqueológicos esculpidos no arenito e criou uma base de dados de pesquisa sobre Petra. Utilizou fotogrametria durante três anos para avaliar a estabilidade das rochas de Siq, a entrada principal de Petra. Em 2015, completou o plano de conservação para a antiga cidade.
Ainda há tempo para se conservar o que se mantém de pé para os estudiosos, turistas e posteridade. No entanto, se algumas estruturas colapsarem, a base de dados construída por Talal pode fornecer elementos que ajudarão a perceber o monumento original.

 BUSCA DE VIDA NUMA LUA DISTANTE

Kevin Hand

O explorador veterano Lonnie Dupre está familiarizado com longas noites nas condições severas do Árctico. A subida a solo do Denali no Alasca no mês de Janeiro só foi bem- -sucedida depois de ter conseguido sobreviver a uma devastadora tempestade quando se encontrava a mais de 3.400 metros de altitude. Fotografia Lonnie Dupre.

A busca de vida noutros planetas tem intrigado os cientistas há décadas. A pesquisa do astrobiólogo Kevin Hand poderá estar completa em menos de 15 anos.
Kevin foi jurado dos Prémios Rolex de 2014 e explorador emergente da National Geographic em 2011. Enquanto cientista-adjunto de projecto no Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, supervisiona o desenvolvimento de um conceito para uma sonda que explorará a lua de Júpiter, a Europa. A sua pesquisa levou-o a cenários extremos como os fundos oceânicos e os glaciares dos pólos, onde pode estudar a vida em ambientes extremos. Kevin acredita que, com sorte, uma sonda pode pousar na superfície de Europa até 2030.


CURIOSO NOME PARA UM ROEDOR

Erika Cuéllar

Fotografia Thierry Grobet, Prémios Rolex.

A bióloga Erika Cuéllar demonstrou tanta dedicação ao trabalho de conservação em Gran Chaco, uma região rica em biodiversidade na América do Sul, que os seus colegas designaram uma nova espécie de roedor com um nome inspirado no da bióloga: o tuco-tuco erika ou melhor, Ctenomys erikacuellarae.
O tuco-tuco é semelhante a um esquilo e é autóctone da Bolívia. Foi lá que Erika, laureada pelos Prémios Rolex em 2012 e exploradora emergente da National Geographic em 2013, trabalha no sentido de apoiar as comunidades, ajudando os habitantes locais a adquirir conhecimentos e técnicas de conservação.

 UM ANIMAL CAPAZ DE SALVAR UMA CULTURA

Llse Köhler-Rollefson

Fotografia Dipti Desai.

De origem alemã, esta veterinária galardoada com o Prémio Rolex em 2002 trabalha afincadamente para preservar o modo de vida do povo raika, na Índia, que se dedica a apascentar camelos no Rajastão há séculos.
O seu modo de vida está ameaçado pelo desaparecimento das pastagens, pela agricultura mecanizada e pela quebra na procura de camelos. Ilse acredita que o leite de camela, que alguns pensam trazer benefícios medicinais, é a chave para a sobrevivência da cultura raika.
Ilse ajudou a criar uma pequena quinta que produz 150 litros por semana de leite de camela e pretende fazer crescer a produção para 300 litros diários. Ilse espera conseguir ajudar os pastores a comercializar mais queijo, sabão, lã e até mesmo papel artesanal feito a partir de dejectos de camelo.

 SOZINHO NUMA MONTANHA IMPIEDOSA

Lonnie Dupre

Fotografia Mark Latzel, Prémios Rolex.

Após três tentativas falhadas devido a condições climáticas extremas, em 2015 Lonnie Dupre tornou-se o primeiro montanhista a completar uma subida a solo, no mês de Janeiro, do cume do Denali, no Alasca.
Galardoado pela Rolex em 2004, Lonnie planeia agora outro desafio: a primeira escalada a solo, em Janeiro, do monte Hunter no Alasca. Com 30 anos de experiência, Lonnie continua a ter de escolher criteriosamente alimentos para 19 dias e equipamento que caiba numa mochila. “O combustível é a primeira prioridade”, diz ele. Podemos passar algum tempo sem alimento mas apenas dois a três dias sem água e precisamos de gás para derreter a neve.” Lonnie leva consigo alimentos ricos em gordura e altamente proteicos como carne seca  e um item de luxo: “O único luxo que não dispenso é uma boa caneca de café.”

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