Durante décadas, vários agentes comerciais do estado da Florida importaram dezenas de milhares de pitões para abastecer as lojas de animais norte-americanas e internacionais. Entre os mais populares, estava o pitão-birmanês, uma espécie relativamente dócil, numerosa e fácil de encontrar em todo o Sul e Sudeste da Ásia, que atinge seis metros de comprimento e pode depositar 100 ovos numa única postura. Com o tempo, milhares, ou mesmo milhões de cobras, integraram-se nos ecossistemas da região, embora não se saiba ao certo a gravidade do problema.

Em Janeiro, a Comissão de Conservação de Pescas e Vida Selvagem da Florida criou um torneio de caça ao pitão-birmanês, chamado Desafio Pitão, atribuindo prémios monetários aos participantes que apresentassem o maior número de pitões mortos e o maior pitão capturado. Cerca de 1.600 pessoas inscreveram-se em duas categorias: os amadores e os profissionais. O objectivo do torneio, de acordo com Frank Mazzotti, professor de ecologia da vida selvagem da Universidade da Florida, era conter as cobras, conhecer melhor a forma como vivem e chamar a atenção para o problema das espécies invasoras.

Desde 2010, o estado da Florida proibiu pitões-birmaneses e outras espécies de serpentes gigantes como animais de estimação.

O comércio das cobras parece ter entretanto os dias contados. Desde 2010, o estado da Florida proibiu pitões-birmaneses e outras espécies de serpentes gigantes como animais de estimação, e o Departamento de Pescas e Vida Selvagem dos EUA impôs uma proibição federal sobre a sua importação ou transferência entre estados.
No final do mês do concurso, o caçador profissional de cobras Ruben Ramirez tinha o maior número de pitões capturados: 18. Os membros da equipa de Ramirez queriam trazer as suas capturas vivas, mas foram informados de que seriam desclassificados. Por isso, tiveram de disparar sobre as cobras com uma espingarda. Um membro da equipa desabafou: “Foi como se disparasse contra o meu próprio cão.”

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