Na estação invernal, todos os anos, mais de trinta mil aves limícolas escolhem o estuário do Tejo para passar o Inverno, enquanto as áreas de reprodução (principalmente na tundra árctica) apresentam condições climáticas adversas. 

O estuário é também um local de reabastecimento para as aves que invernam mais a sul, nas zonas húmidas da Mauritânia e da Guiné-Bissau. Para compreender os movimentos migratórios das aves limícolas, uma equipa liderada pelos biólogos José Pedro Granadeiro e Teresa Catry (CESAM, Universidade de Lisboa) usa uma metodologia inovadora, determinando as proporções de isótopos estáveis em unhas das aves capturadas em vários pontos da rota migratória entre a Europa e África.

Muitas regiões apresentam uma assinatura química única.

Muitas regiões apresentam uma assinatura química única, incorporada nas unhas das aves através do alimento que estas ingerem no Inverno. Quando uma ave inicia a migração, transporta a “assinatura” do local onde passou o Inverno e a análise de um minúsculo fragmento da unha pode revelar a sua origem geográfica. Torna-se assim possível decifrar os “elos invisíveis” que unem as várias zonas húmidas usadas por milhares de aves durante o ciclo anual.