O biólogo Ian Jones estuda há 26 anos a torda-de-penacho (Aethia cristatella). As pequenas aves marinhas voam nas águas oceânicas entre a Sibéria e o Alasca e nidificam em colónias nas costas rochosas de ilhas remotas. Na Primavera, desenvolvem comportamentos de corte que se assemelham a ruidosas festas de praia. O investigador observou a época de reprodução das aves, que dura oito semanas, estudando os sons, os cheiros e os movimentos. “Parece uma espécie de amor ao estilo flower-power da década de 196o”, brinca.

Quando o degelo anuncia a Primavera, os machos em idade repro- dutora escolhem um local de corte e a exibição começa. Insuflam as penas, pavoneiam-se e exibem a crista curvada para a frente (de acordo com a investigação, o tamanho é importante para as fêmeas). Também produzem sons de trombetas, pios e latidos.

Se uma fêmea gostar da exibição do macho, aproxima-se dele. Havendo interesse mútuo, as aves vocalizam e acariciam-se mutua- mente com os bicos. O movimento distribui uma substância com aroma de tangerina libertado por uma glândula sob as penas da nuca. O cheiro pode excitar a ave. “Podemos ter uma rocha plana com um metro quadrado e centenas de aves pousadas ali, acotovelando-se.” O namoro de um casal leva por norma ao entrelaçamento de pescoços, depois ao acasalamento, mas nunca em terra firme, diz o biólogo. “Acasalam com frequência. Várias vezes numa hora. E sempre no mar.” No entanto, nem sempre estão sozinhos: por vezes, grupos de aves tentam frustrar ou interromper a cópula até o macho os repelir com golpes do bico.

Numa única estação, os parceiros produzem um ovo, tomam conta da cria em conjunto durante os primeiros meses e muitas vezes permanecem como casal. No ano seguinte, as mesmas aves podem encontrar-se de novo e repetir tudo uma vez mais.