Meio Ambiente
Grandes Reportagens
Ensaio fotográfico: os animais selvagens
Numa região de abundância e penúria, a refeição seguinte é tudo.
Actualizado a
As brincadeiras com animais de idade próxima fazem parte dos comportamentos sociais exibidos pelos elefantes machos adultos. Convivendo junto de um charco, podem enrolar as trombas nas cabeças ou pousar uma orelha sobre a cabeça ou o dorso de outro animal. Demonstram deferência face ao macho dominante, aproximando-se dele e pondo a ponta da tromba na sua boca.
1 / 13
Rastos de pneus deixados por veículos de safari marcam um lugar onde os leões descansam em Hidden Valley, na Tanzânia. Estamos em Março e estes predadores alimentaram-se bem, à custa dos gnus das imediações. Os recém-nascidos são mais vulneráveis. À medida que o ano avançar e as manadas seguirem as chuvas para norte em busca de pastos, estes leões terão dificuldade em encontrar presas e alguns morrerão de fome. É o ciclo de expansão e contracção da região do Serengeti, que dita a morte e a vida dos predadores da planície.
2 / 13
Os guias da Reserva Nacional de Masai Mara, no Quénia, chamaram-lhes os “Cinco Magníficos”. Estas chitas caçaram juntas durante mais de quatro anos. Os machos costumam competir entre si, mas a espécie é social e altamente adaptável. Estes animais permaneceram juntos enquanto a sua aliança lhes foi vantajosa.
3 / 13
Os combates pela hegemonia entre os machos podem ser selváticos, sobretudo quando há uma fêmea em jogo. As zebras usam o casco e os dentes afiados no combate. Um confronto violento pode terminar com um crânio rachado, ossos partidos, uma cauda mordida ou mesmo a morte.
4 / 13
Para proteger a presa de uma hiena agressiva ou de um leão esfomeado, este leopardo carregou a impala que matou para a copa de uma árvore, de forma a poder devorá-la em paz. Esquivos, os leopardos procuram ramos bifurcados robustos para se instalarem. Basta uma escorregadela para uma presa acabada de matar cair e ficar ao alcance de outros predadores.
5 / 13
O turismo acrescenta complexidade ao ecossistema. No dia em que captou esta imagem em Masai Mara, o fotógrafo Charlie Hamilton James contou 48 veículos nas proximidades. As chitas são mais dóceis do que os outros felinos quando se encontram perto de seres humanos e, por isso, não é raro ver uma a dormitar à sombra de um veículo de safari. Com efeito, já há poucas rotinas diárias destes felinos, incluindo a caça, que não envolva o público humano.
6 / 13
A perseguição não costuma durar muito depois de as chitas escolherem a sua presa. São capazes de acelerar dos zero aos 100 quilómetros por hora em três segundos. Aqui, duas chitas correm para atacar um par de gnus que se separou da manada, mas o desfecho não é garantido. As chitas matam as presas menos de metade das vezes e os gnus conseguem galopar a 80 quilómetros por hora, por vezes descrevendo ziguezagues enquanto fogem.
7 / 13
A coligação de chitas conhecida como os Cinco Magníficos abateu um gnu. Por norma, um felino derruba o animal e os outros estrangulam-no até a presa sufocar. Sempre alertas, as chitas têm de estar atentas a ladrões abusadores como os leões e as hienas.
8 / 13
Abutres alimentam-se de uma carcaça de gnu. As aves limpam os restos mortais mais depressa do que outros necrófagos, diminuindo o risco de propagação de doenças a outros animais ou aos seres humanos. Milhões de moscas acompanham as deslocações das manadas, com vista a obter uma parte das presas abatidas e a oportunidade de depositarem os ovos nas carcaças.
9 / 13
Hipopótamos banham-se num rio, ao nascer do Sol. Os animais passam 16 horas por dia em rios e charcos, onde dormem juntos em grupos de 10 a 30 indivíduos para protegerem os seus juvenis, que são particularmente vulneráveis a crocodilos. À noite, pastam, chegando a percorrer dez quilómetros e consumindo cerca de 40 quilogramas de erva. Os seus excrementos são ricos em nutrientes que mantêm a saúde dos rios africanos e beneficiam várias espécies.
10 / 13
Além dos predadores, as impalas também enfrentam concorrentes. Os machos jovens começam a praticar lutas desde novos. Quando crescem, vigiam territórios e guardam grupos de fêmeas, suas parceiras. Quando são obrigadas a fugir dos leões, leopardos, chitas e hienas, as impalas podem dar saltos de dez metros de comprimento e três de altura.
11 / 13
Virando as costas à chuva, uma manada de fêmeas, com as suas crias e um macho dominante (com chifres) espera que o tempo amaine. Estes ruminantes dependem maioritariamente de sinais auditivos para detectar o movimento dos predadores. A chuva abafa os sons e limita a visibilidade, mas este grupo sente-se à vontade.
12 / 13
Ao nascer do Sol, dois leões devoram um elande abatido na noite anterior. Um bando de abutres aguarda nas proximidades. Os abutres tiveram de esperar para comer a sua dose. Este par de grandes felinos foi visto a alimentar-se da carcaça durante três dias.
13 / 13
Uma girafa alimenta-se de uma acácia. Os animais adultos podem devorar mais de 45 quilogramas de folhas por dia e as suas línguas ajudam-nos a limpar os ramos. Como todas as criaturas do ecossistema, o mamífero terrestre mais alto da Terra tem de disputar o seu território num habitat cada vez mais reduzido.
Numa região de abundância e penúria, a refeição seguinte é tudo. Sentindo a pressão da diminuição dos habitats e das alterações climáticas, animais grandes e pequenos lutam pela vida neste frágil ecossistema.