Barack Obama acrescentou mais de 2,2 milhões de quilómetros quadrados de oceano à rede de áreas marinhas protegidas dos EUA. Mas ainda há muito por fazer.

A oceanógrafa Sylvia Earle, exploradora Rolex da National Geographic, designa Cashes como “a Yellowstone do Atlântico Norte”, um tesouro que vale a pena preservar, apesar de não ser visitável a bordo de autocaravanas.

Nesta era em que os oceanos são explorados até ao limite, Sylvia Earle integra um grupo de cientistas marinhos e conservacionistas que se dedica a tentar preservar alguns dos últimos locais prístinos dos mares norte-americanos. Desde Cashes, em Nova Inglaterra, às florestas de coral de águas frias das Aleutas Ocidentais, no Alasca, aos baixios de Cortés e Tanner ao largo de San Diego, estes peritos imaginam uma cadeia de santuários marinhos norte-americanos ligados a uma rede global suficientemente grande para conseguir salvar e restaurar os oceanos.

 Sylvia Earle viaja pelo mundo discutindo com decisores políticos, empresariais e com o cidadão comum a urgência de uma intervenção para garantir a sustentabilidade marinha. Regressa agora a Portugal para uma conferência no âmbito do National Geographic Summit, no dia 11 de Abril, no Coliseu de Lisboa.

Um leão-marinho caça num aglomerado de laminárias num monte submarino ao largo de San Diego. Estes tesouros de vida justificam protecção, afirmam os conservacionistas. 

Cento e sessenta quilómetros a nordeste do porto de Boston, baleias-sardinheiras investem e rebolam, com os lustrosos ventres brancos reluzindo nas águas cinzentas do Atlântico Norte. No auge de cada investida, abrem as bocarras para filtrar massas de copépodes minúsculos presentes na água. Logo de seguida, expelem a água pelas pregas guturais. A bombordo do Plan b, o navio do filantropo Ted Waitt, um cardume de arenques persegue os mesmos crustáceos, agitando a superfície. Entretanto, numa plataforma rochosa 15 metros abaixo, os cientistas do navio observam julianas, bacalhaus e bodiões alimentando-se em longas pradarias de laminárias. 

BAIXIO DE CORTÉS, 180 quilómetros a Oeste de San Diego, Oceano Pacífico - Um bodião e outros peixes esgueiram-se entre laminárias e algas no baixio de Cortés. Erguendo-se mais de um quilómetro e meio acima do leito marinho, o monte força a subida de água do fundo rica em nutrientes até à superfície, contribuindo para a criação de um oásis fértil.

Cashes Ledge é a montanha submarina mais alta do golfo do Maine e um espectacular banquete em movimento. Ao fluírem sobre as suas cumeeiras de granito, as marés projectam até às profundezas as ondas internas de água quente carregadas de plâncton provenientes da superfície. Estas ondas descendentes permitem aos peixes de fundo alimentar-se tão bem como os seres que habitam a meio da coluna de água – as baleias, os arenques e as aves marinhas que voam sobre a superfície e mergulham. Neste local, as marés e a topografia conspiraram para preservar um vestígio da riqueza que em tempos definiu o golfo do Maine… até ao momento em que a pesca o esgotou por completo. 

No slideshow: O novo santuário - George W. Bush criou o Monumento Nacional Marinho de Papahānaumokuākea em 2006, protegendo as ilhas no Noroeste do Havai e o mar em seu redor. Em 2016, Barack Obama quadruplicou a dimensão do monumento. Dias mais tarde, praticou mergulho em apneia ao largo das ilhas de Midway. Aqui estão oito das sete mil espécies locais. Vários pescadores opuseram-se à utilização da Lei das Antiguidades para designar monumentos marinhos, mas os conservacionistas e os cientistas consideram-na um meio importante para a conservação dos últimos lugares grandiosos dos mares. Fotografia David Liittschwager e Susan Middleton.

“Cashes é, essencialmente, uma máquina do tempo que nos transporta até às costas de Nova Inglaterra de há quatrocentos anos”, afirma Jon Witman, ecologista marinho da Universidade de Brown que estuda este sítio especial há mais de três décadas. 

O baixio de Cortés é um dos mais movimentados pontos de encontro de mamíferos marinhos do mundo. Cerca de três dezenas de espécies passam pelo menos parte do ano aqui, incluindo estes golfinho-lisos-boreais, que geralmente nadam em grupos de cem ou mais. 

 Desde a presidência de Theodore Roosevelt, no início do século XX, os EUA já designaram mais de mil e duzentas áreas marinhas protegidas, que cobrem um quarto dos mares do país. No entanto, não estão a travar o declínio da vida marinha, assegura Robin Kundis Craig, especialista em oceanos. Na grande maioria das águas protegidas, é permitido, no mínimo, algum tipo de pesca ou extracção de recursos. “Estaremos mais interessados em preservar os nossos recursos marinhos ou em explorá-los?”, pergunta Robin Craig. “Em rigor, ainda não resolvemos este debate.”

Na grande maioria das águas protegidas, é permitido, no mínimo, algum tipo de pesca ou extracção de recursos.

No Verão passado, o presidente Barack Obama tentou resolvê-lo em duas arenas, utilizando a sua autoridade ao abrigo da Lei das Antiguidades, que permite ao presidente proteger zonas públicas com relevância histórica ou científica. Assim, quadruplicou o tamanho do Monumento Marinho Nacional de Papahānaumokuākea, no Noroeste do Havai, para mais de 1,5 milhões de quilómetros quadrados. Agora, só a pesca recreativa ou de subsistência são permitidas no monumento, o que o tornou um santuário de espécies ameaçadas como a baleia-azul e a foca-monge-havaiana, de predadores de topo como o atum e o tubarão e de alguns dos recifes de coral mais setentrionais saudáveis do mundo, que se encontram entre os mais prováveis sobreviventes ao aquecimento global.


Uma raia desliza pelo jardim reluzente marinho ao longo da cumeeira do baixio de Cortés. Utilizando o rostro para escavar através das ervas ou da areia, procura moluscos, vermes e outros alimentos essenciais. 

Três semanas depois, Obama criou também o primeiro monumento marinho ao largo da costa Leste dos EUA, denominado Desfiladeiros e Montes Submarinos do Nordeste, com 12.725 quilómetros quadrados e a 210 quilómetros para sudeste do cabo Cod. Os conservacionistas tinham proposto uma área muito maior, apresentando argumentos de peso favoráveis à protecção de Cashes Ledge, mas a indústria das pescas moveu-lhes forte oposição. Após a eleição de Donald Trump como presidente, alguns porta-vozes da indústria sugeriram que até as zonas designadas por Obama poderiam voltar a estar em jogo. Embora nenhum presidente tenha alguma vez revogado uma designação de monumento, o combate em prol da protecção de sítios especiais no oceano – e do oceano como um todo – entrou claramente numa fase de urgência. 

Jóia do Atlântico profundo 
Uma anémona e uma estrela-do-mar fixa sobre um leque-do-mar (acima); e uma panóplia de esponjas, vermes e caranguejos-diabo (abaixo) são algumas das criaturas aparentemente saídas das obras do Dr. Seuss que vivem dentro e em redor dos Monumento Marinho Nacional do Desfiladeiros e Montes Submarinos do Nordeste, criado no Outono passado por Barack Obama. 
O monumento protege três desfiladeiros profundos, escavados na plataforma continental, cerca de 210 quilómetros a sudeste do cabo Cod, bem como uma cadeia de vulcões extintos que se estende mais de mil metros para além da plataforma. 
O primeiro monumento nacional marinho ao largo da costa Leste dos EUA é diferente dos parques nacionais terrestres num factor fundamental: para lá chegarmos, temos de navegar num submarino. Fotografia Equipa Científica dos Desfiladeiros Nordestedos EUA 2013, NOAA Okeanos Explorer.

Na década de 1870, já fora suficientemente difícil convencer os norte-americanos a proteger “as belas e bizarras criaturas de Yellowstone”, escreveu Jordan Fisher Smith, um vigilante da natureza que assinou várias obras de divulgação. Os cidadãos simplesmente não acreditavam nas histórias fantásticas sobre desfiladeiros dourados, nascentes e géiseres de água quente. As fotografias de William Henry Jackson e as pinturas de Thomas Moran contribuíram para fundamentar o caso. O Congresso criou o parque em 1872, assegurando que os Estados Unidos da América seriam definidos tanto pelas paisagens salvas como pelas infra-estruturas construídas.
Apesar desse precedente, a tarefa de persuasão do público e dos políticos para a necessidade de preservar grandes paisagens marinhas representa um desafio especial. É possível caminhar no Grande Canyon, mas é necessário um submarino para visitar os Desfiladeiros e Montes Submarinos do Nordeste, área protegida definida para lá da plataforma continental. No ano passado, mais de quatro milhões de pessoas visitaram Yellowstone, mas a maioria dos norte-americanos só nadará indirectamente com uma sardinheira através das imagens captadas por cientistas e fotógrafos da National Geographic.


CASHES LEDGE, 160 quilómetros a Nordeste do porto de Boston, Golfo do Maine - Um bacalhau atravessa uma floresta de laminárias num dos picos da cordilheira subaquática mais alta do golfo do Maine. Os cientistas acreditam que Cashes Ledge é um vestígio raro da abundância marinha que moldou a Nova Inglaterra. É um sítio que deveria ser preservado.

A dificultar ainda mais tudo isto, é igualmente invisível uma das razões urgentes para proteger locais estratégicos no mar. As alterações climáticas juntam-se à poluição e à sobrepesca, factores que eliminaram, segundo as estimativas, metade das pescarias comerciais desde 1970. Os oceanos estão a absorver a maior parte do calor provocado pelas nossas emissões de carbono e 30% do dióxido de carbono propriamente dito. As temperaturas da água à superfície atingiram novos máximos. A água tornou-se 30% mais ácida desde a Revolução Industrial. 

As temperaturas da água à superfície atingiram novos máximos. A água tornou-se 30% mais ácida desde a Revolução Industrial.

Essas alterações talvez sejam invisíveis, mas os seus efeitos já são palpáveis. O golfo do Maine está a aquecer mais depressa do que quase todas as outras regiões oceânicas da Terra. Na ilha Machias Seal, as crias de papagaio-do-mar estão a morrer à fome, à medida que as suas presas habituais, a pescada e o arenque, evitam os baixios tépidos. No Sudeste da Florida, as temperaturas mais elevadas do mar produziram um aumento dos episódios de bloom de algas tóxicas, que esvaziaram praias e hotéis no Verão passado. 
Pelo mundo fora, muitos dos maiores e mais coloridos jardins de coral tornaram-se cinzentos como lápides. O pior episódio de branqueamento de coral de que há registo ocorreu em 2014, devido ao aquecimento dos oceanos provocado pela emissão de gases com efeito de estufa, resume C. Mark Eakin, coordenador da vigilância de recifes de coral da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla original). Posteriormente, esse episódio foi agravado em 2015 pelo El Niño.

Pelo mundo fora, muitos dos maiores e mais coloridos jardins de coral tornaram-se cinzentos como lápides.

O oceano continua a albergar tesouros da biodiversidade e avolumam-se as provas de que a protecção destas zonas com relevância local contribui para a resiliência face às alterações climáticas e pode até ajudar a regenerar o que já se perdeu.

A ilha Buck pertence às ilhas Virgens americanas. Ergue-se do mar das Caraíbas com dois montes gémeos debruados por areia rosa-coral. A ilha de 71 hectares é banhada por mar que parece um mosaico em vários tons de azul e que, na verdade, foi a razão principal que levou Kennedy a criar o Monumento Nacional do Recife da Ilha Buck em 1961. Os recifes formam um arco envolvendo a ilha, com a sua forma escura claramente visível entre os baixios azul-turquesa e as profundezas azul-cobalto mais adiante.

Uma baleia-sardinheira sorve água que as suas barbas irão filtrar, retendo copépodes e outros tipos de plâncton. Em Cashes Ledge, ondas internas geradas pelas marés transportam alimento da superfície, onde arenques e aves marinhas se alimentam, para as profundezas.

O objectivo de Kennedy foi criar o primeiro trilho subaquático do mundo, onde qualquer pessoa pudesse apreciar aquilo a que ele chamou “um dos mais belos jardins marinhos do mar das Caraíbas”. Porém, o seu monumento de 356 hectares também incluía uma zona de “captura interdita” com 105 hectares, algo sem precedentes na época. A ilha Buck era então um dos mais diversificados bancos de pesca das Caraíbas, com uma robusta população de meros. 
A zona de captura interdita revelou-se demasiado pequena. Ao longo da década de 1990, as populações de peixe em redor da ilha foram dizimadas por centenas de armadilhas e redes. O presidente Bill Clinton acabou por intervir, décadas mais tarde, alargando o monumento para 7.695 hectares. 

Em 1989, o furacão Hugo assolou a ilha Buck com vagas de oito metros e ventos de 240 quilómetros por hora, destruindo parte do recife meridional e empurrando o recife sobrevivente 25 metros para terra.

Os recifes da ilha foram submetidos a outros ataques. Nas décadas de 1970 e 1980 um surto de doença atingiu os corais da espécie Acropora palmata, os principais construtores do recife. Apenas 5% dos corais sobreviveram, deixando os investigadores com a sensação de que em breve estariam extintos. “Fui um médico legista naquela altura”, comenta o oceanógrafo Robert Steneck, que estuda a ilha Buck desde a década de 1970.
Em 1989, o furacão Hugo assolou a ilha Buck com vagas de oito metros e ventos de 240 quilómetros por hora, destruindo parte do recife meridional e empurrando o recife sobrevivente 25 metros para terra. Durante mais de uma década após o furacão, o recife deslocado gemeu. Por fim, estabeleceu ligações com o seu novo leito marinho. Então, em 2005, precisamente quando novos Acropora palmata começavam a crescer, um pico nas temperaturas do oceano provocou o branqueamento de corais em várias zonas das Caraíbas Orientais, incluindo 80% dos Acropora palmata recém-surgidos na ilha.

Refúgios num oceano volátil
Segundo o direito federal norte-americano, há duas formas de proteger sítios marinhos especiais na Zona Económica Exclusiva: os monumentos nacionais e os santuários marinhos nacionais. 
Os monumentos podem proporcionar maior protecção contra a sobrepesca e outras ameaças. A maior parte das áreas protegidas integra quatro monumentos no oceano Pacífico, originalmente criados por George W. Bush. Gráfico Matthew W. Chwastyk. Fontes: Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, Gabinete dos Santuários Marinhos Nacionais; Serviço Nacional de Parques.

A) Fossa das Marianas - O monumento, criado em 2009, protege a fossa mais profunda do mundo, bem como vulcões subaquáticos activos e fontes hidrotermais. 
B) Papahānaumokuākea - Alargada em 2016 para 1.508.870 quilómetros quadrados, este monumento é o lar de recifes repletos de vida e mais de sete mil espécies marinhas. Metade delas, como a ameaçada foca-monge-havaiana, vive exclusivamente no arquipélago do Hawai. 
C) Ilhas Remotas do Pacífico - Este monumento, criado por George W. Bush e alargado por Obama, protege as águas das ilhas e atóis norte-americanos mais distantes. Inclui dezenas de montes submarinos que se pensa serem o lar de várias espécies por descobrir. 
D) Atol Rose - Aves marinhas e tartarugas nidificam neste pequeno atol, um dos mais prístinos do mundo. O próspero ecossistema é o lar de 272 espécies de peixes de recife e vários predadores de grande porte, como marraxos e tubarões-de-pontas-negras. 
E) Desfiladeiros e Montes Submarinos - O mais recente monumento marinho nacional dos EUA protege 12.725 quilómetros quadrados. Abrange três desfiladeiros, que delimitam a plataforma continental, e quatro montes submarinos que se erguem das águas profundas existentes do outro lado. As características submersas acolhem espécies em perigo de baleias e tartarugas, bem como raros corais de profundidade. 

Ao regressar em 2014, após uma década de ausência, Robert Steneck tinha as piores expectativas. Confirmou-as no lado setentrional, onde enormes formações isoladas de coral ainda estavam sem vida.  Era como uma floresta petrificada. Mas uma grande surpresa aguardava o investigador no lado meridional: corais jovens, os mais saudáveis que encontrou em 52 locais abrangidos pelo seu estudo de 15 ilhas. Os corais vivos cobriam 30% do recife meridional em comparação com uma média de 18,5% da região oriental das Caraíbas. Na ilha Buck, Robert Steneck descobriu um grande número de peixes-papagaio, cirurgiões-azuis e outros peixes herbívoros alimentando-se de algas e ervas marinhas que, noutros locais, sufocam o crescimento do coral. Eis a razão pela qual a cobertura de coral se reforçara. 
Os peixes-papagaio são um alimento popular em Saint Croix. Depois de Clinton alargar a área do monumento, todas as artes de pesca ficaram interditas dentro dos novos limites. Foi uma decisão polémica, mas que muitos pescadores locais apoiam hoje, à medida que os recifes da ilha Buck vão dando sinais de recuperação.
Embora as populações de peixe ainda não tenham retomado os seus níveis históricos, os peixes do recife meridional da ilha encontram-se actualmente entre os mais abundantes e maiores da região, segundo o ecologista Peter Mumby. À semelhança de Robert Steneck, a sua investigação concluiu que a abundância de peixe ajudou o recife a recuperar dos episódios de branqueamento e de outras doenças.

No Verão, é impossível não avistar na laguna da ilha Buck a cabeça de uma tartaruga-verde em busca de alimento ou mesmo duas se for um casal reprodutor.

O monumento também beneficia animais que habitam longe das suas fronteiras. No Verão, é impossível não avistar na laguna da ilha Buck a cabeça de uma tartaruga-verde em busca de alimento ou mesmo duas se for um casal reprodutor. O recife também é um dos poucos locais de alimentação protegidos para a tartaruga-de-pente, uma espécie em perigo crítico que se alimenta de zoantídeos. Duas outras espécies de tartaruga vulneráveis, a tartaruga-boba e a tartaruga-de--couro, nidificam nas praias protegidas da ilha, juntamente com as tartarugas-verdes e as tartarugas-de-pente. 
Em 1962, quando as personalidades políticas visitaram a ilha e vestiram fatos e máscaras de mergulho para a consagração do local, o superintendente Joel A. Tutein tinha 10 anos e observou-os. Ao longo de meio século, testemunhou os diversos esforços de protecção marinha entretanto desenvolvidos, incluindo o controverso encerramento do banco de pesca da ilha. Porém, nos quase 14 anos volvidos desde então, a comunidade reuniu-se e apoiou a ilha Buck de maneira “que juntam as pessoas em vez de afastá-las”, diz Joel. O ecoturismo tornou-se um negócio importante: a ilha atrai cerca de cinquenta mil turistas por ano.

A ILHA BUCK, Saint Croix, Ilhas Virgens Americanas, Mar das Caraíbas - A espécie de coral Acropora palmata do Monumento Nacional do Recife da Ilha Buck, criado por John F. Kennedy em 1961, foi protagonista de uma espantosa recuperação após ser afectada por episódios de branqueamento e doenças. Aqui está parcialmente oculta por outros corais e leques-do-mar roxos.

Poderão os parques marinhos contribuir para a recuperação do oceano em geral? Analisemos o caso da cordilheira Pulley, no golfo do México, onde se podem encontar os corais dependentes de luz mais profundos em águas continentais dos EUA. Trata-se de outro local que os conservacionistas gostariam que fosse designado como monumento marinho. Segundo a comunidade científica, as larvas de peixe nascidas aqui são transportadas por correntes à volta da costa sul da Florida até ao Santuário Marinho de Florida Keys, onde repõem as populações de peixe ameaçadas.

Na ilha Buck, os cientistas estão a investigar a surpreendente resiliência do coral, esperando poder transplantar colónias para recifes danificados pelo clima noutras localizações.

Na ilha Buck, os cientistas estão a investigar a surpreendente resiliência do coral, esperando poder transplantar colónias para recifes danificados pelo clima noutras localizações. “Estes activos biológicos serão as nossas reservas quando nos tornarmos mais inteligentes”, comenta Zandy Hillis-Starr, responsável pela gestão de recursos da ilha. Se os gestores de vida selvagem conseguem ajudar os lobos e os bisontes a ressurgir em Yellowstone, também podem ajudar os tubarões e as garoupas a recuperar no mar – comenta.
Talvez até consigam ajudar o bacalhau. Novamente a bordo do Plan b, o biólogo marinho Jon Witman está a verificar o filme captado com a sua câmara GoPro em Cashes Ledge. Calcula-se que as actuais populações de bacalhau no golfo do Maine correspondam a menos de 1% do que eram na época colonial, apesar dos limites de captura impostos durante décadas. Jon observa abundantes bodiões e julianas balançando para trás e para a frente, acompanhando as ondas e as laminárias. A cada dez minutos de vídeo, vê dois ou três bacalhaus a nadar. Não parece muito, mas é mais de trinta vezes o que ele veria noutros pontos do golfo. Por isso, as moratórias de pesca talvez sejam uma ideia mesmo sensata. 

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