Hoje celebra-se o Dia Mundial da Conservação da Natureza, criado com o objectivo de chamar a atenção para a importância da protecção dos recursos naturais do planeta.
Em 2022 esta efeméride serviu, por exemplo, para a Organização das Nações Unidas declarar que todos os habitantes do planeta têm direito a um ambiente saudável, uma medida que, segundo os seus subscritores, constitui um passo importante para contrariar o preocupante declínio do mundo natural. Trocado por miúdos: "Esta resolução envia a mensagem de que ninguém nos pode tirar a natureza, o ar e a água limpos, ou um clima estável – pelo menos, não sem luta", lembrou há um ano Inger Andersen, secretária-geral adjunta das Nações Unidas e directora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Globalmente, é uma celebração assinalada através de um rol de acções de sensibilização ambiental, como sejam a limpeza de praias ou a remoção de espécies exóticas que colocam em risco as autóctones. Tem permitido recordar que a manutenção da biodiversidade só é possível quando há um esforço concertado entre os diversos agentes que com ela interagem, a começar no comum cidadão e a acabar nos governos (ou vice-versa), mas também envolvendo proprietários rurais, agricultores e organizações não-governamentais de ambiente, entre outros.
UM DUPLO SENTIDO
Em Portugal, a cada 28 de Julho celebramos o Dia Nacional da Conservação da Natureza. É assim desde 1998, quando uma resolução do Conselho de Ministros nº73/98, considerou adequado dedicar as comemorações desta efeméride em Portugal à mais antiga organização não-governamental de ambiente nacional, a Liga para a Protecção da Natureza (LPN). Era enaltecida então a sua "actividade de inquestionável mérito técnico e científico, e de grande importância na conservação do património natural, da diversidade das espécies e dos ecossistemas". Nesse dia, a LPN celebrava meio século de vida.
O documento assinado por António Guterres – primeiro-ministro à altura, hoje secretário-geral das Nações Unidas – celebrava os 50 anos de trabalho da organização em prol da defesa dos valores naturais de Portugal, mas reconhecia igualmente o "papel influente junto dos governos e das populações," de todas as outras associações ambientalistas no que diz respeito ao "aumento do conhecimento científico e técnico sobre conservação da natureza" no país. Alertava ainda para "a promoção do uso sustentável dos recursos biológicos" pela sociedade civil.
75 ANOS DE LIGA PARA A PROTECÇÃO DA NATUREZA
A LPN foi fundada por iniciativa do Professor Carlos Manuel Baeta Neves a 28 de Julho de 1948, como reacção a um pedido expresso de ajuda feito pelo poeta Sebastião da Gama perante a destruição da Mata do Solitário, na Serra da Arrábida, para construir aí um forno de cal.
Desde aí, foi uma peça fundamental na constituição de várias áreas protegidas a nível nacional, e ganhou um vasto rol de prémios a nível internacional. Nos dias de hoje, além de manter a sua sede e centro de formação em Lisboa, gere várias propriedades espalhadas pelo país, sendo talvez a de maior destaque o Centro de Interpretação de Vale Gonçalinho, situado nas planícies de Castro Verde.
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Desempenhou em 2004 um papel relevante ao lançar com a organização internacional Fauna & Flora International o programa Lince (dedicado ao lince-ibérico), dispondo ainda de recursos pedagógicos e lúdicos para professores e alunos no seu site.
Ao contrário de outros países, esta data assume em Portugal um significado duplo, juntando as funções originais de sensibilização e divulgação da importância da manutenção do património natural do nosso planeta – que é bastante rico em Portugal, em parte devido à nossa posição de zona de confluência entre as influências atlântica e mediterrânea – à celebração de um dos agentes historicamente mais importantes neste campo no nosso país.