Publicado no “Netherlands Journal of Geosciences”, um estudo liderado pelo paleontólogo Ricardo Araújo e do qual fazem parte outros investigadores portugueses e angolanos acrescentou agora um novo dado, com base em fósseis do Maastrichiano Inferior (há cerca de 70 milhões de anos), descobertos em Bentiaba, no Sul de Angola. Pensa-se que a maioria dos plesiossauros conhecidos nadaria com recurso aos membros como remos em movimentos de abducção e adução, ou seja, para cima e para baixo e usando a cauda como leme.
A equipa provou assim que houve mais do que um mecanismo de adaptação ao meio aquático entre os plesiossauros.
Ora, o plesiossauro descoberto no âmbito do projecto PaleoAngola, parcialmente financiado pela National Geographic Society, era bem diferente: “Tinha uma construção dos músculos dos membros anteriores tal que seria capaz de se propulsionar subaquaticamente como movimentos de protracção e retracção – ou seja, para a frente e para trás”, explica Ricardo Araújo, da Universidade Metodista do Sul (Texas). Recuperaram-se, entre outros elementos do esqueleto, a cintura escapular e membro anterior deste organismo (equivalente à clavícula, omoplata e braço nos humanos) que permitiram concluir que “vários grupos musculares deste animal ficaram atrofiados e outros desenvolveram-se extraordinariamente”. A equipa provou assim que houve mais do que um mecanismo de adaptação ao meio aquático entre os plesiossauros e que outras respostas podem ainda permanecer escondidas no vasto território angolano.
A cintura escapular articulada revelou o modo de locomoção aquática do plesiossauro descoberto em Bentiaba (Angola).