Os ciclídeos nada têm de banal. Só no lago Tanganica, na fronteira entre a África Central e a África Oriental, cerca de 250 espécies evoluíram a partir de um único antepassado há mais de 9,7 milhões de anos.

Alguns são do tamanho de bebés, outros não excedem o comprimento de um dedo mindinho. Alguns passam a vida em busca da concha perfeita e a defendê-la, ou a construir elaborados palcos de areia sobre os quais atraem as companheiras. Outros prosperam em haréns. Muitos são progenitores extremosos dos seus juvenis, embora, por vezes, devorem os seus próprios ovos. Num claro exemplo de diversificação explosiva, os ciclídeos adaptaram-se a quase todos os nichos do lago.

A maioria dos ciclídeos ali existentes não se encontra em mais lado nenhum, fornecendo pistas para desvendar os segredos da evolução. É uma tarefa urgente: os animais estão a extinguir-se, antes mesmo de descobrirmos como evoluíram.

Os peixes enfrentam ameaças múltiplas: o crescimento urbano degrada a sua água; a pesca com redes de emalhar esgota as populações. Os mais bonitos são cobiçados pelo comércio de peixes de aquário e muitos morrem durante o transporte.

O perito Walter Salzburger, da Universidade de Basileia, espera que o crescente interesse científico pelos peixes incentive esforços de conservação. “A protecção dos ciclídeos implica a protecção de todo o ecossistema deste lago ancestral”, diz.

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