“Tenho esta fotografia em mente desde que comecei a trabalhar com rãs de vidro”, diz. “São criaturas extraordinárias. A sua grande diversidade e os processos evolutivos que as geraram são fascinantes. Várias delas, do género Nymphargus, utilizam este tipo de suspensão de ovos, envolvendo-os numa geleia que se assemelha a uma grande gota de água.”

Jaime fotografou esta postura na Estação Biológica de Yanayacu (o único habitat conhecido da espécie Nymphargus wileyi), após dias de busca com a companheira, sob chuvas torrenciais. A paciência foi recompensada na última noite que passaram ali, enquanto percorriam uma área mais isolada.

“Encontrámos vários riachos com muita vegetação e troncos de árvores a cobrir o solo”, conta o fotógrafo. “Ouvimos a vocalização de um macho e, ao passarmos por cima de um pedaço de madeira, vimos os ovos mesmo à nossa frente. Coloquei um flash com difusor no topo da folha para iluminar ligeiramente o fundo. Queria iluminar a gelatina, para que esta ficasse parecida com uma lâmpada. Depois de várias tentativas, consegui o que procurava: uma fotografia dos embriões destacando-se em contraluz. A fotografia documenta o início da vida e uma esperança de sobrevivência para as rãs que desaparecem.”

Jaime Culebras

Radicado no Equador, Jaime Culebras é um fotógrafo e naturalista espanhol. Especialista em anfíbios e répteis, participou na descoberta de várias espécies de rãs e recebeu vários prémios de fotografia, incluindo o “Wildlife photographer of the year”. Fotografia: Carlos Morozch