Cada uma das mais de 1,2 milhões de espécies identificadas até hoje tem de ser descrita naquilo que as distingue ou aproxima das restantes. Apesar de fundamentais, as descrições baseadas em biometrias dificilmente fornecem uma imagem clara da aparência de cada espécie e é aqui que entram as fotografias e ilustrações.

A ilustração continua a ter uma capacidade privilegiada para reproduzir pormenores, e ilustradores como Marco Nunes Correia são decisivos para os investigadores. O projecto do mocho da ilha do Príncipe não foi uma estreia para ele. As florestas da ilha já tinham proporcionado a descrição de uma nova espécie, quando se percebeu que o tordo que ali existia era diferente do que habitava em São Tomé. Foi nessa altura que surgiu a ideia de realizar um guia das aves das ilhas do golfo da Guiné. Quando se confirmou a presença de uma espécie nova de mocho naquela ilha, o ilustrador juntou-se à equipa científica para ajudar a descrevê-lo.

Marco ilustrador

Na década de 1990, quando ainda frequentava a Escola de Belas-Artes em Lisboa, Marco escolheu como trabalho final do curso de ilustração científica ilustrar dois mochos. Estava então longe de imaginar que, 25 anos depois, a sua arte e rigor seriam instrumentais para a descrição de um novo mocho para a ciência. A beleza da imagem final não faz justiça ao moroso trabalho de observação e estudo no campo e no museu. Marco confessa que “sem prejuízo do enorme pormenor que o espécime de museu permite, observar o mocho no seu ambiente foi essencial para captar a sua personalidade”.

mocho da ilha do principe

Ilustração de Marco Nunes Correia.