A morte acidental de aves marinhas pela pesca ocorre durante a actividade, mas também quando desta resulta a perda ou descarte de redes, linhas ou armadilhas. “Estima-se que dezenas de milhares de aves morram anualmente em Portugal como consequência da pesca acidental”, diz Joana Andrade, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). “As espécies costeiras são mais afectadas, dado que a pesca é mais intensa junto à costa.” Nuno Oliveira coordenou um estudo sobre este tema.
“Das espécies registadas como vítimas da pesca em Portugal, o alcatraz Morus bassanus apresenta os números mais preocupantes.” Trata-se da maior ave marinha do nosso país, surgindo em grandes números em Outubro e Novembro. Com uma dieta à base de peixe, precipita-se verticalmente sobre cardumes, a 100km/h, irrompendo à superfície para surpreender as presas.
A estratégia é eficaz, mas torna-a vulnerável à interacção com artes de pesca. O estudo da SPEA concluiu que, com pequenas adaptações de baixo custo, poder-se-á reduzir drasticamente este impacte.
Os números:
20.000 | Estimativa anual de alcatrazes mortos, só nas berlengas
295 | Saídas de campo monitorizadas pelos investigadores da SPEA durante mais de um ano
Fonte: “A contribution to reducing bycatch in a high priority area for seabird conservation in Portugal” (2020), Nuno Oliveira Et Al.