Recentemente, quando passeávamos Buck, o nosso collie, ao virar de uma esquina, eu e o meu marido quase tropeçámos num diminuto chihuahua e no seu dono. Apesar das diferenças de tamanho, os dois cães farejaram-se e começaram a abanar as caudas com tanta exuberância que nos deu vontade de rir. O dono do chihuahua deu voz a um pensamento que todos os seres humanos que gostam de cães já tiveram pelo menos uma vez: “Pergunto-me o que estarão a pensar.” Pergunto o mesmo sobre a minha gata, Nini, que parece não apreciar mais nada para além de se sentar a estudar a minha cara enquanto escrevo. Estará a olhar para mim ou através de mim?
Buck e Nini têm um relacionamento cauteloso, o que naturalmente não é invulgar entre estas duas espécies antagónicas. O único factor que têm em comum somos nós. Como a maioria dos gatos e cães de estimação, tendem a ignorar-se. E, até muito recentemente, a ciência teve tendência a ignorá-los também.
Há cerca de duas décadas, pouco se sabia sobre as capacidades cognitivas dos cães e gatos domésticos. Os investigadores preteriam este tipo de animais assumindo que não seriam tão inteligentes, ou tão interessantes, como os seus parentes selvagens. Essa atitude começou a mudar em 1994 quando Vilmos Csányi, um especialista em etologia (agora professor jubilado) da Universidade Eötvös Loránd em Budapeste, começou a questionar-se sobre o que o seu cão rafeiro, Flip, poderia estar a pensar. Rapidamente alterou a linha de investigação do seu laboratório e aplicou-se no estudo das capacidades cognitivas dos cães domésticos em vez das dos… peixes. Alguns pensaram que seria uma opção mais fácil, mas nem todos concordaram.
“Pensámos que era uma decisão terrível”, confessa Ádám Miklósi, então aluno de Vilmos Csányi, que temia que outros cientistas troçassem do laboratório por estudar cães vulgares. Na verdade, o Laboratório de Cães Domésticos [conhecido internacionalmente como Family Dog Lab] que Ádám Miklósi agora dirige, tornou-se líder no florescente campo da cognição canídea. Da Austrália ao Japão, laboratórios dedicados à compreensão da mente dos cães multiplicam-se à medida que os investigadores reconhecem que estes animais oferecem uma nova forma de investigar os blocos de construção das capacidades mentais, particularmente aquelas que envolvem cognição social.
“Csányi tinha razão”, reconhece Miklósi. “Para um animal selvagem como o lobo, a transformação gradual num cão foi uma enorme mudança evolutiva. Os cães tiveram de encontrar uma forma de viver num novo habitat, o humano, e perceber o nosso mundo. São completamente diferentes de nós mas, de certo modo, são melhores a perceber e a utilizar os nossos sinais sociais do que primatas como os chimpanzés.”
Os gatos domesticados evoluíram e passaram por uma transição similar, embora mais recente. A maioria dos donos de qualquer gato costuma certificar a elevada inteligência do seu bichano e, apesar de decorrerem vários estudos sobre estes animais, ainda não existe um laboratório dedicado à descodificação da mente felina.
Para começar, os investigadores descobriram que os cães domésticos são excelentes sujeitos de teste: é muito mais fácil trabalhar com eles do que com a maioria das espécies selvagens, uma vez que prestam atenção às instruções dadas pelos humanos. Também não é necessário manter um canil repleto. Em alternativa, os donos e os seus cães são convidados a participar nas experiências. É por isso que se podem encontrar donos e cães a percorrer os corredores do Family Dog Lab onde os investigadores estão a testar tudo, desde a compreensão de conceitos abstractos (como a “permanência do objecto”) usando ecrãs de computador tácteis até à tentativa de apreensão do que pretendem comunicar quando ladram ou rosnam ou as suas capacidades para imitar as acções dos seres humanos.
A partir dos estudos da equipa húngara, sabemos que os cães desejam estar com os humanos praticamente desde o momento em que abrem os olhos. Em testes de laboratório, cachorros de 4 meses a quem foi dada a opção de escolher a companhia humana ou a de outro cão escolheram o homem. Lobos jovens criados por humanos não mostraram a mesma preferência. “Algo na domesticação alterou o cérebro do cão, tornando-o mais sintonizado com os seres humanos e os nossos sinais sociais”, diz Miklósi.
Os investigadores preteriam este tipo de animais, assumindo que não eram tão inteligentes ou interessantes como os seus parentes selvagens.
Investigadores noutros laboratórios documentaram igualmente essa sintonia entre os cães e os seres humanos. Na Universidade de Lincoln, no Reino Unido, os cientistas colocaram cães a olhar para fotografias de rostos humanos e para imagens de outros cães, animais e objectos. Os cães concentraram-se na área direita dos rostos humanos (a zona que melhor expressa raiva ou agressividade) para avaliar o estado emocional das pessoas. Nós, humanos, inconscientemente fazemos o mesmo quando conhecemos outro indivíduo. Em contrapartida, os cães não analisaram o lado direito das outras imagens, levando os investigadores a sugerir que existe uma pressão evolutiva que impele o cão a produzir uma avaliação rápida do humor de um indivíduo.
Os cães também conseguem imitar as acções do homem, à semelhança do que sucede com as crianças quando jogam ao Rei Manda. Esse é outro indicador das fortes capacidades de aprendizagem social, assegura Miklósi. Também parecem possuir um sentido de justiça, bem como a noção do que está “certo” ou “errado” e podem seguir as nossas regras. São essas competências especiais que os ajudam a viver connosco.
“Os cães tentam adaptar-se a tudo no ambiente humano”, diz Márta Gácsi, uma das investigadoras que estudou crias de lobo domesticadas como se fossem cães. “Os cães desenvolveram uma estratégia flexível de regras de aprendizagem, porque nem sempre somos consistentes. Às vezes, não faz mal saltar no sofá, mas, noutras ocasiões, esse é um pecado capital. Damos-lhes comida, mas por vezes retiramo-la. Não podemos fazer isso com um lobo, nem sequer com uma cria de lobo.”
Cães de caça treinados para seguir um isco perfumado com anis saltam sobre um muro de pedra no Norte de Inglaterra, perseguindo a sua "presa" como o faria uma alcateia de lobos correndo atrás de um alce. Embora a perseguição revele vestígios dos antepassados predadores do cão, a agilidade e a velocidade características destes animais constituem uma especialização do Canis familiaris.
Márta mostrou-me o vídeo de um investigador que tentava acariciar uma cria de lobo com 7 semanas enquanto esta se alimentava. Mal a mão se dirigiu à zona do nariz, o lobo atacou com violência. “Era preciso ter cautela”, diz Márta. “Mordiam mesmo apesar de termos cuidado deles desde as primeiras semanas de vida.”
Os cachorros criados ao mesmo tempo que os lobos estabeleceram quase de imediato uma ligação com os tratadores humanos e aos 4 meses de idade já tentavam caminhar atrás deles quando estes saíam. “Sentiam ansiedade de separação parecida com a das crianças pequenas”, diz a investigadora. “Os lobos, no entanto, nunca se preocuparam quando os deixámos. Mostraram-se sempre independentes e confiantes.”
Outros cientistas estão a investigar o que os cães percebem quando as pessoas falam com eles. Alguns cães, exclusivamente os border collie até agora, adquiriram vocabulários com várias centenas de palavras, mostrando não só excelente memória, mas também que podem usar categorias para distinguir objectos. Se os cães utilizam os mesmos métodos que os bebés para aprender a falar é tema de debate. “Penso que os cães podem compreender muita da comunicação humana como as instruções para qualquer acto”, diz Juliane Kaminski, do Instituto Max Planck de Leipzig, que identificou o primeiro cão capaz de perceber a linguagem, Rico. Mas nem nesse caso especial temos certezas: Rico poderá ter pensado que o som “bola” significava também “Apanhar a bola”.
Todas estas competências revelam uma diferença fundamental entre cães e lobos: os cães não preferem apenas a nossa companhia, eles querem cooperar connosco. Talvez a melhor ilustração dessa natureza especial dos cães resulte das experiências que testaram a capacidade de entendimento das ordens dadas por humanos. Os investigadores desenvolveram este teste depois de descobrirem que os chimpanzés podem seguir o olhar de outros chimpanzés e perceber o que os outros conseguem ou não conseguem ver. Os cientistas pensavam que os chimpanzés também entenderiam o que um indivíduo queria quando apontava para um balde com alimentos. Na verdade, os chimpanzés falharam. Os cães, no entanto, perceberam a ideia transmitida pelo gesto e descobriram as guloseimas. Mais: conseguiram fazê-lo ainda como crias e sem qualquer treino.
Os cães parecem ter um sentido de justiça, bem como uma noção moral sobre o que está “certo” ou “errado”. Chegam até a cumprir as nossas regras.
Os lobos criados por seres humanos também passam no teste onde se aponta, mas só depois de atingirem a idade adulta. Aos quatro meses, as crias de lobo simplesmente não queriam olhar para o que os humanos tentavam mostrar. Sentiram também reservas em estabelecer contacto visual. À semelhança de muitos animais selvagens, os lobos têm relutância em olhar para um indivíduo directamente nos olhos. Para eles, o olhar fixo significa uma ameaça. Os cachorros, em contrapartida, aceitam facilmente o olhar de um humano. Na verdade, nós desejamos tanto o contacto visual com os cães que até desenvolvemos certas raças com focinhos arredondados como os carlin, não porque nos recordem crianças (como foi sugerido em tempos), mas porque essas raças são melhores a perceber as ordens das pessoas do que as raças de narizes mais longos.
Cães e lobos também diferem na forma como ladram. Os lobos latem para protestar ou como aviso. Os cães usam a vocalização de diferentes formas para comunicar com outros cães e connosco, assegura Péter Pongrácz, do Family Dog Lab. A sua pesquisa revelou que as pessoas, até mesmo as crianças, conseguem identificar os latidos de um cão solitário a lutar ou a brincar. “Pessoas que nunca tiveram cães conseguem distinguir as diferenças entre estes latidos”, diz o investigador, o que pode significar que alguns latidos foram desenvolvidos para nos dizer algo sobre o que sente o cão nesse momento.
Os cães também conseguem comunicar com os olhos. Isto torna-se claro quando Tamás Faragó, uma estudante de pós-graduação, coloca um pano sobre uma gaiola e põe um osso suculento nas proximidades. Entra na sala um cairn terrier de olhos brilhantes, Kope, a trotar sem trela ao lado da dona. Kope olha para o osso e vai em linha recta na sua direcção. Assim que o cão atinge o prémio, Tamás faz soar um rosnado gravado. Kope pára. “É um rosnado protector de comida”, sussurra Tamás.
“Qualquer cão que ouça este som sabe que é melhor não tocar no osso.” Tamás faz soar novamente o rosnado. Desta vez, Kope vira-se em direcção à dona, abanando a cauda e olhando para o seu rosto. Depois, olha para trás, para o osso. “Está a pedir ajuda”, diz a jovem. “‘Vamos, mamã, ajuda-me a conseguir aquele osso. Vamos fazê-lo juntos’.”
“É essa a beleza dos cães”, diz Brian Hare, antropólogo da Universidade de Duke na Carolina do Norte e um dos pioneiros dos estudos sobre comportamentos de canídeos. “Eles ouvem e prestam atenção ao que dizemos e podem conversar connosco sem usar linguagem. A estratégia resulta porque obtêm tudo o que precisam dos humanos. A domesticação não os tornou menos inteligentes do que os lobos. Na verdade, tornou-os mais inteligentes no que diz respeito à forma como usam os humanos.”
Nesta medida os gatos também são mais inteligentes do que os seus antepassados, pois descobriram uma forma de sobreviver e prosperar com os humanos. Na verdade actualmente são o animal de estimação mais popular do mundo e não chegaram aqui usando o comportamento cooperativo dos cães.
“Eles também podem cooperar e conseguem aprender connosco mas só quando querem”, confirma Dennis Turner, do Instituto de Etologia Aplicada e Psicologia Animal na Suíça. “São criaturas independentes com as quais é difícil trabalhar. É a razão principal pela qual ninguém ainda estudou seriamente as suas capacidades cognitivas em testes orientados.” Immanuel Birmelin, da Sociedade de Pesquisa de Comportamento Animal, conseguiu demonstrar que os gatos podem contar até quatro, mas isso de pouco serviu: “Realmente, não percebemos a mente do gato. Talvez sejam mais selvagens do que costumamos imaginar.”
No entanto, Immanuel, Dennis e outros asseguram que os gatos prestam mais atenção aos seus donos humanos do que as pessoas provavelmente percebem e, devido a essa característica, são excelentes a aprender com o que observam. “Alguns gatos podem ver algo apenas uma vez e depois repeti-lo sozinhos na vez seguinte”, diz Dennis. Dá como exemplo o talento de muitos gatos na Europa para abrir portas. Como a maioria das maçanetas europeias não são verdadeiramente maçanetas, mas sim manípulos horizontais, os gatos conseguem facilmente abrir portas depois de verem os seus donos a fazê-lo. Alguns gatos até aprendem a usar a liteira observando os seus donos.
Os gatos prestam mais atenção aos seus donos do que estes provavelmente percebem. Alguns gatos até aprendem a usar a liteira observando os seus donos.
Gatos e cães também aprendem rapidamente com o método de tentativa e erro e com o que os psicólogos designam por condicionamento clássico. Nessas experiências, se queremos que o gato faça algo, como sentar-se ou levantar a pata, dá-se um clique positivo e uma guloseima por cada pequeno passo até toda a sequência estar aprendida.
“Foi assim que treinei os meus gatos”, diz Samantha Martin, a directora do Amazing Acro-Cats, um grupo de Chicago composto por gatos artistas. “Quando percebem o método, conseguimos entender que se fez luz nas suas cabeças. E que eles estão prontos para mais.” Com este método, Samantha ensinou os gatos a rodopiar, balançar, andar no arame, saltar através de arcos e até tocar guitarra. “Eles tocam jazz”, brinca, embora os gatos, na verdade, toquem nas cordas ao acaso. “Conseguiriam aprender melodias se lhes ensinasse o som de cada corda”, diz. “Só é preciso tempo e paciência.”
Os gatos são conhecidos pela sua capacidade de tomar decisões, o que é considerado um sinal decisivo de inteligência, diz Dennis Turner. Quando caçam, os gatos atacam a presa apenas se acreditarem que têm hipótese de ser bem-sucedidos. “Observam e esperam, mas estão também a avaliar o potencial resultado. Têm de tomar essa decisão.”
Também tomam muitas das decisões sobre como e quando irão interagir com os donos. Ao contrário dos cães, a maioria dos gatos não responde à chamada, refere Dennis. E é o gato, não o humano, que decide quando e por quanto tempo vai ser acariciado, razão pela qual a carícia por vezes termina de forma abrupta quando o gato morde a mão que lhe faz festas. “É por isto que muitas pessoas pensam que os gatos são falsos e não se pode confiar neles”, diz Dennis. “O gato na verdade indicou que quer que as festas terminem quando semicerrou os olhos, mas geralmente não reparamos nesse sinal. Então, o gato mordisca para nos dizer que o seu estado de espírito mudou.”
Este gato doméstico, em Bolonha, espreita o mundo através da janela. Em muitas culturas, os gatos eram autorizados a vaguear livremente, mas os conservacionistas e os defensores do bem-estar dos animais exortam os donos a manter os seus animais de estimação no interior de casa.
Os gatos podem ser manipuladores inteligentes, especialmente dos donos. “Costumava interrogar-me por que razão um determinado ronronar do meu gato às vezes era tão irritante e difícil de ignorar”, conta Karen McComb, especialista em comunicação vocal de mamíferos da Universidade de Sussex. “É diferente de um ronronar normal e leva a que nos levantemos para ver o que o gato precisa.” Karen decidiu analisar o ronronar depois de falar com alguns dos amigos que também tinham gatos que faziam o mesmo som irritante. A especialista gravou e analisou o que denomina por “ronronar de solicitação” do seu e de outros nove gatos, percebendo que aquele tipo de ruído também contém um grito de alta frequência que é semelhante ao de um bebé humano. “Eles incorporam esse grito ligeiramente choroso dentro de uma chamada, o ronronar, que normalmente associamos a contentamento”, diz. Quão eficaz será este ronronar especial? De acordo com Karen, as pessoas que ouvem este ronronar levantam-se e alimentam o gato, antes mesmo de tomarem o seu café ou de darem comida ao cão.
Os gatos são também excelentes observadores do rosto humano, confirmam Karen e Dennis. Conseguem perceber o nosso estado de espírito muito melhor do que julgamos. Num estudo recente, vários gatos “reagiram fortemente a pessoas com pensamentos negativos”, diz Dennis Turner. Miaram e esfregaram-se contra as pernas dos que estavam deprimidos, temerosos ou introvertidos ajudando-os a sair desses estados.
Os cães tentam agradar-nos, fazendo algo útil para obter o que querem. Os gatos tomarão esse rumo e tornar-se-ão previsíveis e cooperativos como os cães?
Esfregar-se é uma acção típica de todos os gatos e sobre a qual sabemos ainda pouco”, refere Sarah Ellis, daUniversidade de Lincoln. “Muitas das suas acções, incluindo as que envolvem os humanos, implicam enviar e receber sinais químicos. Estas mensagens referem-se frequentemente às suas relações sociais. Quando esfregam o focinho contra nós, não estão apenas a deixar uma mensagem, estão também a receber. Quando se deslocam pelo ambiente, estão a depositar e a ler informação. É como se fosse um trilho de post-it químicos.” Esse trilho danifica-se facilmente quando o dono pinta um quarto, muda a mobília, tem um bebé ou adopta um animal. “Tudo isto gera mais stress para um gato do que podemos imaginar”, diz Sarah. “Não prestamos tanta atenção quanto devíamos e o gato encontra uma forma de o expressar: espalhando urina, por exemplo.”
Não é clara a razão pela qual inicialmente os gatos foram viver com os seres humanos. Podem não ter sido essenciais mesmo com a existência de roedores, dizem agora os investigadores. Os antepassados dos gatos eram felinos pequenos e selvagens, mas os cientistas sabem pouco sobre a forma como viviam. Sabem apenas que eram criaturas essencialmente solitárias e que eram simultaneamente presas e predadores.
“Para serem tão sociáveis quanto são hoje, tiveram de mudar rapidamente”, diz Sarah. Adaptaram-se à partilha de território com gatos com os quais não estavam relacionados e passaram a temer menos os nossos movimentos bruscos, que em ambiente selvagem seriam interpretados como a ameaça de um predador. O abandono de muitos hábitos solitários deu-lhes acesso permanente à comida e água que lhes fornecemos, acrescenta Sarah. “Ao viverem connosco, não têm de defender grandes territórios para assegurar estes recursos. É por isso que conseguem viver com outros gatos na mesma casa.”
A natureza primária do gato pode continuar a alterar-se, pelo menos no mundo desenvolvido, onde se espera que eles sejam estritamente animais de interior, tanto para sua protecção como para protecção da fauna local. “Isto coloca uma nova questão”, diz Sarah Ellis. “Se os gatos forem apenas animais domésticos de interior, irão mudar? Isto torná-los-á mais dependentes dos donos e, em caso afirmativo, mais ligados a nós?”
A investigadora refere que os cães muitas vezes tentam agradar-nos, fazendo algo útil para obter o que querem. Os gatos tomarão esse rumo e tornar-se-ão previsíveis e cooperativos como os cães? Ou desenvolverão competências adicionais, descobrindo novas formas de fazer o dono responder aos seus pedidos?
Querem apostar?
Para os cientistas, estas questões e muitas outras sobre a cognição do cão e do gato são como uma pilha de bons ossos que vale bem a pena escavar.