Era Primavera, perto de Dongara, na Austrália Ocidental, e os biólogos Darryl Gwynne e David Rentz realizavam trabalho de campo com alguns insectos. Num ponto da estrada, estava uma pequena garrafa de cerveja, conhecida na Austrália como stubbie. O vidro estava decorado com faixas de pequenas bolas salientes. Agarrado à garrafa vazia, estava um insecto da família dos escaravelhos-jóia. Parecia decidido a copular, tentando introduzir o seu órgão sexual na garrafa.

Depois de Darryl e David testemunharem o acontecimento em 1981, outros observadores documentaram o comportamento nas redes sociais. Está identificado como um exemplo de estímulo supranormal, em que um estímulo provoca uma resposta exagerada. Neste caso, o agente provocador é a stubbie: o macho aparentemente confunde a garrafa com uma fêmea gigante da sua espécie, que tem uma coloração semelhante e saliências na carapaça. Os machos perdem a cabeça por aquela deusa brilhante do amor. Um escaravelho que monta febrilmente a garrafa pode ser atacado por formigas que, nas palavras de Darryl Gwynne e David Rentz, podem morder “as partes moles de sua genitália externa”. Por esta descoberta, os biólogos receberam o Prémio Ig Nobel, o prémio sarcástico que reconhece projectos de pesquisa científica que “provocam mais riso do que reflexão”.

HABITAT/REGIÃO

O escaravelho-jóia habita em regiões áridas e semiáridas da Austrália, nos estados de Queensland, Nova Gales do Sul, Austrália do Sul e Austrália Ocidental.

OUTROS FACTOS

A família Buprestidae do escaravelho-jóia compreende cerca de 15 mil espécies, incluindo cerca de 1.500 encontradas na Austrália.

O indivíduo que Gwynne e Rentz estudaram pertence ao  género  Julodimorpha. A designação de espécie ainda é uma questão em debate. Os escaravelhos podem ter 3,81cm de comprimento e as fêmeas são maiores do que os machos. Os machos conseguem voar, mas as fêmeas não..