A lesma hermafrodita que usa um estilete

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lesma hermafrodite
Eva van den Berg
Eva van den Berg

Periodista especializada en ciencia y naturaleza

Nas suas pacíficas águas nativas, a lesma do mar da espécie Siphopteron makisig parece pequena e delicada, mas, na realidade, esta lesma é uma máquina de cópula em que ambos os participantes são o espelho um do outro.

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Estas lesmas apresentam genitália feminina e um pénis de duas pontas.

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Entrelaçadas para copular, as lesmas trocam esperma, inserindo o bulbo na genitália feminina.

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Em seguida, cada uma insere o estilete na outra, injectando fluido que pode estimular a função neural.

Nas suas pacíficas águas nativas, a lesma do mar da espécie Siphopteron makisig parece pequena e delicada, mas, na realidade, esta lesma é uma máquina de cópula em que ambos os participantes são o espelho um do outro, como o par na imagem.

Como a maioria das espécies de lesmas do mar, a S. makisig é hermafrodita, pois os órgãos reprodutores masculinos e femininos são usados em simultâneo durante a cópula. Ao contrário de outras congéneres, esta espécie termina os encontros amorosos com um comportamento invulgar. O sexo começa de forma normal. Para fertilizar os ovos que se desenvolvem nos órgãos femininos de cada lesma, a outra lesma deposita esperma com o pénis. Na verdade, fá-lo só com metade do pénis, que tem duas pontas: uma liberta o esperma através da extremidade bulbosa e a outra termina num estilete semelhante a uma seringa. Durante o acto sexual, cada lesma espeta o seu estilete na outra, processo que fornece o fluido da próstata que provavelmente transporta hormonas. A bióloga Rolanda Lange diz que o fluido pode “aumentar a fecundidade do esperma ou inibir o que foi depositado por parceiros anteriores”. Quando outros animais espetam os parceiros durante o sexo (acção também conhecida como inseminação traumática), fazem-no em várias partes. Porém, num estudo de que Lange foi co-autora, ela identifica S. makisig como “o primeiro caso conhecido” de um animal que espeta o parceiro entre os olhos, talvez o melhor ponto para afectar o sistema nervoso central.

Processo bizarro

Descrição:
S. makisig tem menos de meio centímetro de comprimento e apresenta marcas amarelas e verme- lhas no exterior branco translúcido. (O azul que se vê na imagem é água no fundo da imagem.)

Habitat:
A lesma marinha vive em leitos de areia em profun- didades oceânicas entre 6 e 27 metros e aninha-se no interior de microalgas.

Distribuição:
O molusco foi identificado em águas das Filipinas, Austrália e Indonésia.