As florestas de crescimento antigo são um património natural da Europa. Encontram-se, na sua maioria, protegidas. Mas...estarão seguras?
Atraem-me a serenidade e a beleza simples da natureza incólume. Quando penetro nela, melhora a minha capacidade de concentração. Quando centro a atenção naquilo que me rodeia, sinto-me preenchida por uma calma interior que me ajuda a captar uma certa noção de espaço. Foi isso que aconteceu quando embalei o meu equipamento fotográfico e me aventurei em algumas das mais antigas florestas de crescimento antigo da Europa para documentar estes ambientes únicos que se mantêm intactos há séculos, apesar de recorrentemente ameaçados pela interferência humana.
Estas visitas impuseram-me desafios, devido às condições climáticas e às distâncias que tive de percorrer ao deslocar-me aos lugares mais fotogénicos. No entanto, a alegria da experiência acabou sempre por prevalecer. Caminhando fora dos trilhos na floresta de Laurissilva da Madeira, encontrei-me rodeada de árvores com oito séculos, cujos troncos me serviram de abrigo quando as nuvens largavam um aguaceiro súbito. Parecia que estava a entrar num espaço sagrado.
Ao deambular pelas florestas prístinas de pinheiros silvestres, no Norte da Suécia, e junto da linha das árvores das montanhas do Sul da Noruega, fui presenteada com aquela sensação de liberdade que sinto sempre nas regiões bravias da Escandinávia. Os conjuntos de faias erguendo-se das encostas íngremes de Itália mantiveram-me maravilhada com o poder que as florestas podem ter, quando protegidas da exploração. Senti-me privilegiada por me ser permitido explorar e fotografar estas terras encantadas.
Se exceptuarmos a Rússia, apenas cerca de 2% das zonas florestadas da Europa são primárias, ou nunca foram abatidas, reflectindo uma diversidade de vida impressionante que outrora preencheu vastos ecossistemas de floresta. A maior parte das áreas encontra-se actualmente protegida, mas à medida que a população humana continua a aumentar – com impactes devastadores no planeta e nas suas criaturas vivas –, o futuro destas florestas não está garantido. Por mim, espero que se mantenham de pé por muitos mais séculos.