Onde há antídotos, há também venenos e poções. Datado do século XVII, este livro pareceria inócuo numa estante. Aberto, porém, escondia um arsenal de venenos. Para João Neto, director do Museu da Farmácia, “o livro falso seria discreto, mas estaria acessível numa estante. Pelo perigo associado a cada substância, pelo seu valor comercial e pelo facto de se prestar a acusações perigosas, o proprietário teria interesse em ocultar o conteúdo”.
Fuge cito vade longe rede tarde. “Foge depressa, vai para longe e demora a voltar.” Esta ladainha latina é tão antiga como os surtos de peste que pontualmente varreram a Europa. Seria proferida como defesa contra os surtos epidémicos de causas desconhecidas e de elevada mortalidade. Aos poucos, a farmácia tornou-se igualmente um recurso na luta contra a doença. Com práticas reais ou imaginárias.
Originário da Europa Central e datado do século XVI, este raro pomander, uma “roda de cheiros”, destinava-se aos viajantes que circulassem por áreas atacadas pela peste. Em cada compartimento, escondia-se um odor específico, que o proprietário da peça inalaria para fugir à doença. Desconhece-se se o último dono terá, ou não, sucumbido num surto epidémico!