Três questões a Al Gore, o optimista improvável

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Christopher Anderson

Magnum Photos

“Uma verdade inconveniente” foi o documentário através do qual o antigo vice-presidente norte-americano Al Gore chamou a atenção do público para a ameaça das alterações climáticas, em 2006. Em Julho, estreia nos cinemas a sequela. Al Gore, de 69 anos, defende que os riscos são agora maiores, mas as soluções também são mais claras.

O público percebe o problema quando se fala em alterações climáticas?
Penso que a maioria esmagadora das pessoas percebe muito bem que as alterações climáticas são um desafio importante, que os seres humanos são responsáveis por elas e que precisamos de actuar rápida e decisivamente para as resolver. Os argumentos mais persuasivos vêm da mãe-natureza. Os eventos climáticos extremos relacionados com o  clima são agora tão numerosos e graves que é difícil ignorar o que está a acontecer. Mesmo aqueles que não querem usar as expressões “aquecimento global” ou “crise climática” estão a recomendar o recurso a energia solar, eólica, carros eléctricos e híbridos e assim por diante. Temos muito em risco!

Porque surgiram divisões tão marcadas sobre as alterações climáticas?
Há um antigo provérbio no Tennessee que reza assim: “Se encontrar uma tartaruga no topo de um poste, pode ter a certeza de que ela não chegou ali pelos próprios meios.” Uma minoria, com o apoio financeiro activo de alguns dos grandes responsáveis pela produção de emissões de carbono, tem atrasado o progresso há algum tempo. Usaram o poder do lobbying e financiaram muitos cépticos, usando as mesmas estratégias que vimos no passado no debate sobre os malefícios do tabaco. Todos somos vulneráveis ao que os psicólogos chamam negação: se algo é desconfortável, é mais fácil afastá-lo e não nos envolvermos. 

O que lhe dá esperança no futuro? 
Há tantas pessoas a trabalhar nesta matéria em todo o mundo que eu estou extremamente optimista. Seria óptimo que a política e as leis acelerassem a capacidade de resposta, mas os mercados estão a trabalhar a nosso favor. Cada vez mais cidades e empresas se comprometem a atingir a meta de uma “pegada” 100% renovável. Acredito que a revolução da sustentabilidade é imparável.

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