Torre de Palma

O Mosaico dos Cavalos, datado do século IV d.C., é um dos mais exuberantes deixados pela civilização romana em Portugal. Imagem: José Pessoa/ Direcção Geral do Património Cultural/ Arquivo de Documentação Fotográfica

Muitos cidadãos romanos, romanizados ou não, construíram luxuosas residências em locais aprazíveis e de climas amenos, seja de ocupação permanente ou para retiros temporários. Era assim por toda a Hispânia e foi assim também em Palma.

Habitualmente, eram as famílias mais abastadas que possuíam os requisitos necessários para edificar estas mansões – quanto mais ricos, mais questão faziam em demonstrá-lo. Neste caso, a obra foi mandada executar por uma poderosa família romana, os Basilii, que escolheu este recanto alentejano para usufruir da calmaria e dos prazeres da vida.

Paradoxalmente, a descoberta deve-se a um indivíduo com poucas posses. Em 1947, o modesto agricultor Joaquim Inocêncio estava a lavrar o terreno quando se apercebeu de que a terra lhe devolvera um pequeno fragmento de mármore trabalhado que pertencia ao capitel de uma coluna. Munido de uma enxada, cavou até cinquenta centímetros de profundidade e encontrou um pavimento de pedrinhas coloridas com figurações totalmente desconhecidas para si. Achou que poderia ser importante e alertou Manuel Heleno, do Museu Nacional de Arqueologia. Assim começaram as primeiras escavações metódicas, que puseram a descoberto diversas preciosidades.

Torre de Palma

Hoje, graças às campanhas arqueológicas realizadas desde então, a villa romana de Torre de Palma é um património conhecido internacionalmente. A mansão de estilo rústico foi habitada desde o século II ao IV, rodeada de latifúndios com lagares e celeiros. Estava dotada de um pátio quadrangular com um tanque central revestido de mosaicos policromáticos. A entrada fazia-se pela sala de recepção, onde se encontravam icónicos mosaicos das musas e dos cavalos. Passava-se para sala dos banquetes, decorada com mosaicos de motivo floral. A oeste da villa, como não podia deixar de ser, a família mandou erguer um edifício termal com salas destinadas a banhos frios, tépidos e quentes. Seriam luxos mundanos para quem ali residiu, mas ainda parecem exóticos aos olhos do visitante contemporâneo.