Dos teares de madeira fluem chamas, bestas, armas e estrelas para embelezar o brocado, um tipo de tecido com 1.300 anos, outrora reservado à elite da China e agora popular entre os jovens estilistas.
Esta forma de arte é tão complexa que mesmo artesãos veteranos só produzem cerca de cinco centímetros de tecido por dia. Os teares tradicionais podem ter 5,5 metros de comprimento, juntando milhares de peças. Para funcionarem, exigem dezenas de movimentos dos artesãos, que cantam baladas para memorizar o processo.
Dessa matriz criativa, emergem tecidos com padrões urdidos com seda, ouro e fios de penas de pavão. O brocado surgiu na China durante a dinastia Tang (618-907 d.C.). Desenvolveram-se variedades regionais em todo o país, incluindo Nanjing e Chengdu, localidades com museus dedicados à seda onde hoje os turistas podem comprar lenços e bolsas de brocado autêntico.
ROBERT CLARK/NAT GEO IMAGE COLLECTION
Acreditava-se que uma polegada de brocado, como esta braçadeira da dinastia Han, valia uma onça de ouro.
A tecelagem complexa do brocado não pode ser replicada pelas fábricas. “Só pode ser tecido no tear tradicional”, diz Feng Zhao, director honorário do Museu Nacional da Seda da China, em Hang-zhou. Esta autenticidade atrai os chineses mais velhos, que apreciam o brocado “do fundo do coração”, pois vêem-no como um símbolo orgulhoso da herança cultural, diz Zhao.
Os criadores de moda chineses estão a colaborar com tecelões tradicionais para estampar peças de vestuário com símbolos como fénix, nuvens e dragões. No ano passado, o designer Chen Liwen lançou uma linha de lenços e acessórios direccionados aos consumidores da Geração Z, com o padrão do tigre hu bu. O brocado antigo está portanto firmemente cosido ao futuro da China.
Artigo publicado originalmente na edição de Novembro de 2023 da revista National Geographic.