Quem teve a ideia de colocar uma escada de metal nos arranha-céus para escapar aos incêndios? Quem se lembrou de fazer o citrino híbrido conhecido como tângera? E as peças de LEGO que cativam as crianças há décadas: de onde vieram? Aqui estão 10 pessoas cujas invenções mudaram a nossa história.
1. Anna Connelly
Em 1887, a norte-americana Anna Connelly patenteou uma ideia que viria a salvar inúmeras vidas: a escada de emergência em metal. No final do século XIX, diversos fogos ocorridos em edifícios altos obrigaram os seus moradores a saltarem para a morte. Connelly desenhou uma escada de emergência em aço que podia ser colocada do lado de fora de um edifício. Os moradores poderiam descer e os bombeiros poderiam subir. As escadas de emergência mudaram a forma como os edifícios eram construídos no início do século XX, à medida que as cidades as foram incluindo nos seus códigos de construção. As datas de nascimento e falecimento de Anna são desconhecidas.
2. Ammar ibn Ali Al-Mawsili (morto em cerca de 1010)
Um oftalmologista do século X é responsável pela invenção de seringa hipodérmica. Muito antes de se desenvolverem técnicas oftalmológicas complexas, Al-Mawsili criou um método para remover cataratas, uma das maiores causas de cegueira. Naquela época, as pessoas que ficavam cegas morriam frequentemente pouco depois. A inovadora seringa era um tubo de vidro que utilizava sucção para realizar a tarefa. Al-Mawsili nasceu noactual Iraque, mas mudou-se para o Egipto quando era jovem. A técnica por si desenvolvida há cerca de mil anos ainda influencia a forma como as cataratas são removidas actualmente.
3. Chefe Seattle (1780–1866)
O Chefe Seattle e os seus feitos inspiraram a capital do estado de Washington, que era na altura um estado sem nome. Chefe das tribos nativas Duwamish e Suquamish, que viviam na zona de Puget Sound, tornou-se conhecido enquanto guerreiro e diplomata. Desenvolveu as suas capacidades de oratória através da cooperação que foi criando entre as suas próprias tribos. Queria trabalhar e viver em paz com todos, incluindo os colonos europeus que estavam a chegar à região do Pacífico Noroeste. O Chefe Seattle fez tanto pela cooperação entre as tribos e os recém-chegados que os primeiros colonos brancos liderados por David Swinson “Doc” Maynard chamaram Seattle à sua aldeia. Embora fosse um pacificador, o Chefe preocupava-se muito com o impacto do influxo de colonos sobre a população local e o ambiente. Em 1855, proferiu um discurso inspirador perante o governador do Território de Washington (actual Seattle), que foi posteriormente transcrito impresso. Este discurso viria a transformá-lo num ícone popular.
O Chefe Seattle tornou-se uma figura proeminente nos debates sobre a forma como os povos nativos eram tratados e promoveu a ideia de que os seres humanos deveriam considerar-se parte da natureza e não seus domesticadores.
FOTOGRAFIA DE E. M. SAMMIS, THE HISTORY COLLECTION / ALAMY
Pensa-se que esta fotografia de 1864 seja a única do Chefe Seattle, líder das tribos nativas Duwamish e Suquamish, que viviam na zona de Puget Sound, no estado de Washington. O Chefe Seattle trabalhou em prol da cooperação entre as tribos e os primeiros colonos que chegaram à região do Pacífico Noroeste.
4. Ellen H. Swallow Richards (1842–1911)
Esta química derrubou barreiras na ciência americana e foi pioneira dos esforços de engenharia sanitária desde o nível estadual até às cozinhas. Depois de concluir o seu bacharelato na Universidade de Vassar em 1870, Richards foi aceite como “aluna especial” no MIT, que era então uma instituição exclusivamente masculina, tornando-se a primeira mulher nos EUA a frequentar uma faculdade de ciências. O seu bacharelato do MIT acompanhou a sua tese de mestrado, defendida em Vassar nesse mesmo ano.
Richards promoveu a formação das mulheres na ciência e a realização de um enorme levantamento sobre a qualidade da água no estado de Massachusetts, um esforço que conduziu às primeiras normas estaduais sobre a qualidade da água. Aplicou o mesmo rigor científico aos lares, escrevendo "The Chemistry of Cooking and Cleaning", obra na qual apresentou o modelo de cozinha ideal e criou a disciplina da economia do lar.
5. Gregor Mendel (1822–1884)
Mendel foi um clérigo e botânico do século XIX que descobriu o segredo para semear a hereditariedade. Em meados do seu século, realizou experiências com plantas de ervilhas para determinar como as características físicas eram transmitidas de uma geração para a seguinte. As suas experiências estabeleceram as regras básicas necessárias para criar um híbrido – um cruzamento entre duas ou mais plantas-mãe que gera uma nova variedade com as características desejadas. As tângeras (tangerina e toranja) e as tayberries (amora e framboesa) são dois exemplos deliciosos de híbridos.
6. Jane Jacobs (1916–2006)
Jacobs não tinha formação académica como planeadora urbana, nem sequer era licenciada, mas as suas visões inteligentes e práticas sobre o planeamento das comunidades mudaram a forma como os americanos concebem as suas cidades. No seu livro "Death and Life of Great American Cities", publicado em 1961, Jacobs defendeu bairros de escala humana e amigos dos peões, com quarteirões curtos e edifícios de utilização mista que incentivassem a interacção entre os residentes. Também se opôs firmemente ao desenvolvimento dos arranha-céus e da construção de vias rápidas que atravessassem os bairros, argumentando que perturbavam a malha urbana e prejudicavam a coesão social.
FOTOGRAFIA DE MAGGIE STEBER/VII/REDUX
Jane Jacobs, activista e planeadora urbana, na sua casa Toronto, no Canadá, em 1984. Ela mudou a forma como os americanos concebem as suas cidades.
7. Louis Pasteur (1822–1895)
Um inovador químico e microbiólogo francês, Pasteur foi responsável por grandes descobertas que conduziram à teoria microbiana das doenças. É, provavelmente, mais conhecido por ter desenvolvido o processo da pasteurização na década de 1860, no qual os alimentos são submetidos a temperaturas elevadas para eliminar microorganismos nocivos. A pasteurização foi inicialmente aplicada ao vinho e mais tarde ao leite e à cerveja. Muitos dos nossos alimentos perecíveis mais comuns, como os sumos de fruta e os lacticínios, são hoje obrigatoriamente submetidos à pasteurização ou produzidos com ingredientes pasteurizados.
8. Marie Curie (1867–1934)
Nascida Maria Sklodowska, só pôde ingressar na Universidade de Varsóvia, na altura uma instituição exclusivamente masculina, no final do século XIX, por isso estudou matemática e ciência sozinha, trabalhando como preceptora para se sustentar. Mudou-se para Paris e obteve excelentes resultados na Sorbonne, onde se licenciou em física e matemática e conheceu o seu marido, o físico Pierre Curie. Juntos, descobriram o polónio e o rádio. Marie viria a compreender a origem dos raios X e cunhou o termo “radioactividade”. Em 1903, foi a primeira mulher a ganhar o Prémio Nobel da física. Durante a Primeira Guerra Mundial, desenvolveu as pioneiras máquinas de raio X portáteis, de foram apelidadas de “Pequenas Curies”. Infelizmente, Marie Curie morreu em 1934, devido a exposição de longa duração à radiação.
FOTOGRAFIA DE UNIVERSAL HISTORY ARCHIVE/GETTY
A física Marie Curie no seu laboratório em 1912. Foi a primeira mulher a ganhar o Prémio Nobel da física, em 1903.
9. Margaret Knight (1838–1914)
Knight nasceu no Maine em 1838, tinha poucos estudos e nunca se afastou muito da sua terra natal. No entanto, tornou-se uma das inventoras mais prolíficas dos EUA. Antes da electricidade, as fábricas de têxteis, sapatos e outros produtos eram alimentadas por moinhos de água – que existiam em abundância em New England. À semelhança de muitas outras jovens, Knight tornou-se operária.
Alegadamente, começou a inventar aos 12 anos depois de assistir a um acidente na fábrica onde trabalhava. O dispositivo por si criado travava as máquinas se algum objecto ficasse preso nelas. A sua invenção foi amplamente aceite, mas ela não conseguir registar a sua patente. Anos mais tarde, quando trabalhava numa fábrica de sacos de papel, inventou a primeira máquina que fazia sacos com fundo plano – do tipo que ainda hoje usamos. Quando um colega maquinista tentou patenteá-los, ela processou-o – e ganhou. Knight registou dezenas de outras patentes ao longo da sua vida, incluindo uma máquina para cortar solas em couro, uma bobina de máquina de costura e um motor de rotação.
10. Ole Kirk Christiansen (1891–1958)
O mais novo de dez filhos, este carpinteiro dinamarquês nasceu em 1891. Em 1932, com a Dinamarca em plena Depressão, era um viúvo com quatro filhos e tinha uma pequena loja de carpintaria que fazia escadas, bancos – e brinquedos. Os pequenos blocos em madeira de bétula pintada era os seus produtos mais populares e inspiraram-no a fabricar mais. Mudou o nome da sua empresa para LEGO, uma junção das palavras dinamarquesas leg e godt, que significam literalmente “brincar bem”. Os Legos, com os seus tubos de fixação patenteados, foram lançados em 1958, o ano em que Christiansen morreu. A LEGO ainda é gerida pela família Christiansen.