Paulo Monteiro, colaborador da Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, continuou a pesquisar os arquivos e encontrou a genealogia de uma família extraordinária. O tronco da família Noronha começa em 1378 com o casamento de Isabel, filha bastarda de D. Fernando I, com Afonso, conde de Gijón e filho de D. Henrique II, de Castela. O casal teria seis filhos, um dos quais D. Pedro de Noronha, que viria a ser bispo de Évora e arcebispo de Lisboa.

É ele que figura neste painel (canto superior esquerdo, de mitra branca). Apesar de ingressar no clero, o arcebispo teve nove filhos de pelo menos duas mulheres, o que lhe mereceu a repreensão do papa Martinho V. Porém, uma carta real de 1444 legitimá-los-ia com todos os direitos. Um deles, D. Pedro, será depois pai de D. Martinho que, por sua vez, teve D. Francisco como filho. “É, pois, este homem, descendente directo de reis de Portugal e Castela e bisneto do arcebispo de Lisboa, que terá conhecido o seu destino junto à costa da actual Namíbia em 1533”, diz Paulo Monteiro.

painel

Nos Painéis de São Vicente, figura o bisavô do navegador Francisco de Noronha, comandante do navio Bom Jesus.