Retratos demonstram a beleza e a reverência associadas aos guerreiros de outrora, ainda hoje celebrados no Japão.

Depois de muitos anos a fotografar longe do Japão, Ryotaro Horiuchi apontou a máquina fotográfica para a sua terra natal. Enquanto questionava o que constitui a identidade japonesa e a sua própria identidade enquanto japonês, começou a observar as matsuri, as festas comunitárias celebradas em cada região do Japão desde tempos ancestrais.

Ao assistir ao Festival Soma Nomaoi, na prefeitura de Fukushima, onde descendentes de samurais e seus adeptos vestem armaduras e competem, montados a cavalo, no mês de Julho, Ryotaro afirma ter-se sentido “impressionado e comovido com a força e a dimensão humana”.

O festival realiza-se há mais de mil anos. O senhor feudal de Soma deu início a esta cerimónia como treino militar para os samurais que dedicavam a vida à sua protecção. Na actualidade, os participantes inspiram-se na disciplina, honra e lealdade praticadas pelos samurais, valores que os ajudaram a perseverar perante as adversidades da vida, incluindo o terramoto e o maremoto devastadores que atingiram a região em 2011, provocando um desastre nuclear em Fukushima.

Depois de ouvir histórias destes frequentadores de festivais dos tempos modernos e de testemunhar a força da sua convicção, Horiuchi percebeu que o seu próximo projecto seria uma tentativa de “captar as suas personalidades e identidade como samurais”.

O passado molda o presente para quem admira os samurais. Ao longo da história do festival, os participantes adaptaram-se à evolução dos tempos sem renunciarem à sua ligação com os samurais. Com estes retratos, Ryotaro Horiuchi encontrou a sua própria noção de identidade – uma noção que muda com as alterações do tempo e do espaço, mas preserva o espírito da tradição.

samurais

A tradição encontra-se com a modernidade: os descendentes de samurais e o festivaleiro Mitsukiyo Monma trocam, por vezes, o cavalo por uma Harley.