No início do século XX, as ruas das principais cidades norte-americanas estavam repletas de peões, bicicletas, veículos puxados por cavalos, eléctricos e, sobretudo, os primeiros automóveis a gasolina. A produção em cadeia do Ford Modelo T, em 1908, fez do automóvel um produto de massas e, com ele, o tráfego urbano transformou-se num problema urgente. Os acidentes e os atropelamentos eram cada vez mais frequentes e ficou evidente a necessidade de um sistema de regulação do tráfego, sobretudo nos cruzamentos, onde os polícias mal conseguiam dar passagem aos veículos. Foi assim que surgiu o primeiro semáforo ou, para sermos mais exactos, o primeiro semáforo eléctrico, pois décadas antes, em 1868, tinha sido testado em Londres um semáforo com lâmpadas de gás vermelhas e verdes que funcionava durante a noite. Porém, uma fuga de gás provocou uma explosão e o projecto foi abandonado.
Em 1912, Lester Wire, um polícia de Salt Lake City, criou o primeiro protótipo de semáforo eléctrico: uma caixa de madeira montada num poste, com um telhado de duas águas e uma luz vermelha e outra verde em cada um dos lados. Popularmente era conhecido pelo nome de “jaula de Wire” ou “o pombal de Wire”. O semáforo, que tinha uma campainha para anunciar a mudança de cor, era operado manualmente por um agente de tráfego a partir da cabine. A invenção de Lester Wire foi recebida na época com certa zombaria e rejeição. Ninguém queria parar no “aviário que piscava” e que por vezes aparecia caído no chão ou destruído. Mas o seu exemplo vingou.
O primeiro a criar um sistema de sinalização com sucesso foi um engenheiro de Cleveland, James Hoge.
Um polícia controla o primeiro semáforo de James Hoge instalado em Cleveland em 1914.
Cleveland era uma cidade industrial com mais de 600 mil habitantes, a sexta mais povoada do país, e terá sido líder no desenvolvimento da electricidade. A cidade contava até com uma próspera empresa de veículos eléctricos. Para regular um tráfego rodoviário cada vez mais intenso e caótico, foi instalado no dia 5 de Agosto de 1914 o primeiro semáforo de Hoge num cruzamento da cidade, suspenso a cerca de quatro metros de altura, por baixo dos cabos do elétrico.
Um agente da polícia, situado numa cabine de onde tinha uma perspectiva completa do trânsito, accionava as luzes vermelha e verde do semáforo que iluminavam as palavras Stop e Move conforme fosse adequado. Alfred A. Benesch, director da Segurança Pública de Cleveland, declarava em Setembro de 1915 a sua satisfação com a invenção: “Um ano de experiência com este sistema, que foi instalado com o propósito de dirigir unicamente o tráfego rodoviário, convenceu-me de que o público está satisfeito com o seu funcionamento, uma vez que proporciona maior segurança, agiliza o tráfego e sobretudo controla os movimentos dos peões que atravessam as ruas.” Hoge tinha pedido a patente do seu invento em 1913, embora só a tenha obtido em 1918.
O chefe da polícia de Chicago apresenta o novo semáforo eléctrico em 1926.
Em 1917, foi construída em Detroit a primeira “torre de trânsito”, uma estrutura elevada com uma cabina a partir de onde um polícia accionava as luzes do semáforo. A imagem destas grandes torres tornar-se-ia habitual em muitas grandes cidades dos Estados Unidos e Europa nos anos seguintes. Também em Detroit foi introduzido, em 1920, o primeiro semáforo tricolor (vermelho, verde e âmbar), uma criação do agente de polícia William Potts.
1868
É instalado em Londres o primeiro semáforo que controla o tráfego através de um sistema de luzes inspirado no caminho-de-ferro.
Sinal com braços articulados do século XIX.
1912
Lester Wire cria o primeiro semáforo eléctrico, ligado aos cabos do eléctrico de Salt Lake City.
1914
É instalado em Cleveland um semáforo patenteado por James Hoge. O seu sistema será aplicado noutras cidades.
1920
William Potts inventa o semáforo de três cores que, com ligeiras modificações, chegou aos nossos dias.