As redes sociais são uma fonte infinita de comida com desenhos de espuma de cappuccino ou grandes hambúrgueres encenados para abrir o apetite.
Esta mania, ou #foodporn, tem surpreendentemente, uma origem refinada: até os grandes mestres pintores participaram nesta tradição.
Num estudo de 2016 intitulado “A arte da comida não reflecte a realidade”, investigadores do Laboratório de Alimentos e Marcas da Universidade de Cornell analisaram pinturas que retratavam refeições familiares entre 1500 e 2000. O estudo comparou a frequência com que um alimento foi retratado na arte com a frequência de consumo. O marisco, por exemplo, apareceu num quinto das pinturas alemãs, apesar da minúscula costa do país. As iguarias raras, como lagosta, alcachofras, avelãs e limões, eram particularmente populares. Os investigadores descobriram que este tipo de representações na arte era mais usada para ostentar riqueza ou o talento do artista do que para mostrar um alimento realmente consumido.
As naturezas-mortas desapareceram no século XX, mas renasceram com as redes sociais. “Quando existe uma pressão permanente para tweetar sobre coisas diferentes, tentamos tornar a nossa vida mais interessante”, comenta Brian Wansink, principal autor do estudo. “Mas não é nada comparado com o que eles faziam há 500 anos!”
DO ESTUDO
39% das pinturas da era dos Descobrimentos representava marisco.
28% das pinturas da era do Iluminismo representava limões.
26% das pinturas da era do Iluminismo representava uvas.