Olímpia do Epiro foi muito mais do que a mãe do maior conquistador da Antiguidade. É certo que no mundo grego as mulheres não faziam parte da biografia política, mas uma rainha podia ter mais opções e foi isso que sucedeu com Olímpia. O seu marido e o seu filho mudaram radicalmente o mapa político do século IV a.C., mas os testemunhos que nos chegaram assinalam que a figura de Olímpia causou igualmente furor.
Alexandre, o Grande, exigiu mesmo que ela fosse tratada como deusa, Filipe fugiu ao vê-la dormindo com uma serpente, os soldados do seu inimigo Cassandro negaram-se a executá-la quanto mais a vê-la… Tudo isto prova-nos que ela foi uma mulher de carácter excepcional, decidida, férrea e plena de paixão.
Os historiadores crêem que Olímpia terá nascido entre 375 e 371 a.C., em Dodona, a principal cidade do reino de Epiro. Localizado nas fronteiras montanhosas da actual Grécia e Albânia, era um território periférico no mundo grego, mas vinculado desde há muito à sua história. Na Odisseia e na Ilíada de Homero, são evocados os oráculos do Epiro: o do rio Aqueronte, que atravessa a região, e o de Zeus em Dodona. Foram encontrados em ambos vestígios arqueológicos micénicos, o que leva a supor que os fundadores de Micenas provinham de Epiro.

OLÍMPIA E ALEXANDRE Mãe e filho representados num camafeu talhado sobre sardónica. Século IV a.C., Museu Arqueológico, Florença.

Olímpia não foi o único nome da futura rainha da Macedónia, pois ela usou mais quatro, o que representa um paralelismo interessante com o seu filho. Alguns contemporâneos propuseram que os nomes, para ela, eram como os galões para os militares e, tal como Alexandre acumulou títulos reais, somando ao de rei dos macedónios, os de líder dos gregos, faraó do Egipto e grande Rei dos Reis dos persas, também ela adoptou novos títulos.
Depois do casamento de Olímpia e Filipe, os esposos transferiram-se para Pela, a capital da Macedónia, onde depressa surgiram desavenças entre ambos. Segundo Plutarco, Filipe perdeu o interesse por ela ao vê-la deitada dormindo com Zeus – Amon em forma de serpente. Em todo o caso, a poligamia de Filipe e a hostilidade da corte macedónica dificultaram a adaptação da princesa de Epiro. Furiosa por se sentir marginalizada, Olímpia voltou para o Epiro no Outono de 357 a.C. O seu tio Arribas pressionou-a para que regressasse para junto do esposo, tanto mais que se descobria na altura que estava grávida. Olímpia assim o fez e, de volta a Pela, deu à luz o futuro Alexandre. Corria o mês de Julho de 356 a.C.
Esta e outras histórias são publicadas na Edição Especial “Grandes Mulheres” da National Geographic.

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