O inspector da Pide que morreu duas vezes

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Hermano F

Em 1915, Hermano Neves estreou  o submarino Espadarte e fez-se fotografar na coberta a telegrafar a notícia para A Capital.

Chama-se O Inspector da PIDE que Morreu Duas Vezes e estará nas livrarias a partir do dia 7 de Junho. Propõe-se recuperar episódios esquecidos do jornalismo português do século XX.

Manuel F

Manuel Zorra  é uma celebridade na costa leste dos Estados Unidos, mas apenas uma fracção da comunidade piscatória de Olhão conhece a sua história. Fotografia Office of War Information Photograph Collection/Edwin Rosskam.

Manuel Zorra era um pescador de Olhão. Atrevido, corajoso e conhecedor de todas as manhas do mar, emigrou cedo para os Estados Unidos. Na costa leste, desenvolveu todas as aptidões náuticas possíveis. Quando o governo norte-americano estabeleceu a Lei Seca, Zorra rapidamente deixou-se tentar pelo contrabando de bebidas alcoólicas: saía nas noites escuras, recolhia caixas do líquido proibido fora do limite das 12 milhas e regressava a terra como uma enguia, esgueirando-se entre as patrulhas da guarda-costeira. Conheceu Al Capone e o seu grupo. Fez fortuna e ganhou reputação. Um dia, como o salmão, veio morrer a casa e regressou a Portugal, onde o Diário Popular o descobriu para uma entrevista memorável, publicada no dia em que se estabeleceu o maior recorde de tiragens da imprensa portuguesa: 1,6 milhões de exemplares de um único jornal.

Esta é uma das muitas histórias recuperadas pela investigação de Gonçalo Pereira Rosa, director da edição portuguesa da National Geographic e investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa. O Inspector da PIDE que Morreu Duas Vezes recorre a pesquisa nos acervos da censura, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, das polícias políticas e dos próprios jornais para cartografar os constrangimentos a que os jornalistas do século XX estiveram sujeitos.

A história da imprensa portuguesa também se fez no feminino. Fernanda Reis foi capa de jornal como correspondente de guerra na Coreia em 1951.

Profissão ingrata, muitas vezes injusta, o jornalismo é exercido em condições difíceis e é por isso frequentemente comparado à literatura apressada. Figuras como Esculápio, Reinaldo Ferreira, Norberto de Araújo, Baptista-Bastos ou António Valdemar são recuperadas nesta obra, que narra – em reportagens de reportagens… – velhos “exclusivos” já esquecidos, pequenos erros transformados em manchetes embaraçosas e sobretudo as mil e uma batalhas travadas diariamente contra a inclemência do relógio.
Publicado com a chancela da Editora Planeta, O Inspector da PIDE que Morreu Duas Vezes é a quarta obra de Gonçalo Pereira Rosa.

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