No século XIX, a expansão colonial europeia pelo mundo levou muitos geógrafos a imaginarem novas formas de difundir os conhecimentos geográficos pela população. Uma delas foi o georama. O primeiro surgiu por iniciativa do francês Charles-François-Paul Delanglard que, em 1822, mandou construir em pleno centro de Paris uma esfera oca com 14 metros de diâmetro, em cujas paredes interiores estava representado um mapa-mundo muito pormenorizado. O público podia contemplá-lo subindo por uma escada no centro da esfera, que tinha três plataformas. Delanglard esperava explorar comercialmente a atracção, mas o negócio não funcionou e, poucos anos depois, o georama foi destruído.
Em 1844, outro francês, Charles-Auguste Guérin, construiu outro georama perto do parque dos Campos Elísios de Paris. Era mais pequeno do que o anterior (10 metros de diâmetro) e a escadaria dupla contava apenas com uma plataforma, situada à altura do equador. Os visitantes exultavam os efeitos visuais do mapa-mundo, conseguidos graças à luz natural que penetrava através de um óculo situado na parte superior.
Residência nos Campos Elísios de Paris que albergava o georama de Guérin. Desenho publicado no semanário l’illustration.
Um planeta de cores
No interior da esfera, os espectadores viam os mares e oceanos iluminados graças a uma seda azulada semitransparente. Os lagos também eram translúcidos, enquanto os vulcões activos brilhavam graças a pequenas lentes de vidro. Os continentes e ilhas estavam delimitados por uma superfície opaca sobre a qual as montanhas estavam representadas em relevo com os picos de neve perpétua pintados de branco, ao passo que as zonas tórridas estavam representadas em tonalidades quentes e as estepes da Ásia e América do Norte numa cor esverdeada.
Guérin e os seus apoiantes defenderam perante as autoridades o valor pedagógico do georama e até insistiam que se devia instalar um em cada cidade de França, mas a sua empresa fracassou, tal como a de Delanglard. Em 1851, construiu-se em Londres outro georama de maiores dimensões (18 metros de diâmetro), que seria desmantelado dez anos mais tarde.